ADROCA

ADROCA.

Guel Brasil

Eu estava numa estrada; longa estrada, com árvores enormes plantadas de um lado e do outro, de formas que sua copas se encon- travam formando um corredor, e quem debaixo delas estivessem não podia ver a luz do sol. Por ela eu vi que passavam coisas estranhas, como um filme que se projetava em uma grande tela no espaço, no limite do tempo entre a vida e a morte.

E eu não estava só; do mesmo lado que eu estava na margem esquerda da estrada, havia uma grande mesa; no centro da grande mesa um candelabro, e nele doze velas acesas; vi doze cadeiras em volta da mesa; cinco do lado direito, cinco do lado esquerdo, e uma em cada cabeceira. Onze delas estavam sendo ocupadas por seres que pareciam vindo de outro planeta, todos com a face coberta. Uma das cadeiras estava vazia na cabeceira onde eu estava em pé. Pensei me sentar nela mas não, eu não estava vestindo túnica como os outros.

Ali, tudo era silencio; um silencio tão profundo, que a principio fiquei perturbado. Voltei então o meu sentido para as coisas estranhas que estavam passando lentamente, mas conforme a noite foi se fazendo

dia, tudo começou a passar muito rápido, tão rápido que meus olhos não podiam ver, e meu cérebro já não conseguia identificar mais as imagens projetadas. Bem acima e quase na copa das árvores, eu vi um grande relógio, com uma inscrição abaixo dele, onde se lia a palavra _ "MILÊNIO". E o mais intrigante é que o relógio estava parado, e seus ponteiros marcavam 12 horas; e não dava pra saber se do dia ou da noite, por que a mim não foi dado esse direito. Pude ver que de tudo passava pela longa estrada; pessoas, carroças que eram puxadas por bois, carros, animais exóticos que mais pareciam tirados do túnel do tempo, e em algum lugar eu já os tinha visto; contudo o silencio era profundo; até o momento onde pude ver as pessoas não falavam, os cocões das carroças não gemiam, os carros não faziam o menor ruído, e os animais apenas seguiam.

Ninguém estava guiando as carroças nem os carros, que pareciam estar sendo guiados por um ser cuja supremacia era inegável. Isso tudo envolto por uma luz muito forte, tão forte que ofuscava o clarão do dia; e quando chegavam ao que parecia ser o fim da estrada, tudo sumia como se estivessem sendo tragados por uma espécie de buraco negro.

Não vi crianças; elas não estavam lá; também não dava para identificar quem era homem ou mulher; todos estavam vestidos por uma espécie de túnica, que lhes cobriam da cabeça aos pés.

Sobre a cabeça de cada um dos que pareciam com seres humanos, se via um numero; a principio pude ler e contar; porem, depois que as imagens começaram a passar como um feixe de luz, tanto eu não via, como também não podia contar.

Eram centenas de milhares; não sei quanto tempo ali fiquei; queria sair, mas meus pés pareciam estar grudados ao chão; foi quando eu senti medo, muito medo; tive vontade de gritar, de chamar a atenção daqueles que estavam sentados à mesa, mas percebi que meus ouvidos não ouviam nem minha própria voz; tentei desviar a atenção, mas para onde eu virasse o meu rosto as imagens acompa-

nhavam; senti como se estivesse dentro do feixe de luz quando tentei girar o meu corpo dentro do seu próprio eixo; foi quando percebi que todos os seres vestidos de túnica já tinham passado, e atrás deles, ia a figura estranha de um homem, montado em uma máquina cuja aparência era ser toda de fogo. Foi ai que meus ouvidos voltaram a ouvir, meu cérebro de confuso que estava passou a funcionar de forma plena. E o homem estranho da máquina estranha, começou a dizer em alta voz palavras estranhas; não entendi se para mim, para os seres estranhos sentados à mesa, ou se para os estranhos que seguiam à sua frente; era como um grito de alerta:MEDROCA ELE! MEDROCA ELE! MEDROCA ELE!; até sumir no grande buraco negro; a principio, apenas a voz dele se fazia ouvir; mas quando a voz dele sumiu no que parecia um buraco negro, um coro se formou com as milhares de pessoas que ali estavam, todos ao mesmo tempo; Adroca, Adroca, Adroca, _“Hei vocês ai? Gritei; por favor? Me ajudem a desvendar esse mistério.” E eles continuaram gritando; Adroca, Adroca, Adroca, ao tempo em que batiam com os punhos serrados sobre a mesa. Quer saber o final desta história? Adroca arac!!! Adroca arac!!! Adroca arac!!!

Guel Brasil
Enviado por Guel Brasil em 09/08/2011
Código do texto: T3148846
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.