A INDISSOLÚVEL TRAMA DO AMOR
Esquadrinhado por: Angelo Magno

 
As cores, presentes voluptuosos aos olhos sensíveis ao esplendor do dia, habituadas a arrancar suspiros de qualquer que as contemple, nem que por breve lapso, ao pôr do sol mostram toda sua sensualidade e talento para atrair olhares, deixando ao crepúsculo o árduo trabalho de fechar as cortinas do horizonte em lágrimas pela partida. O cheiro do orvalho, infelizmente tão familiar, anuncia a chegada de uma alma estarrecida e abandonada, como se um cansado pintor tivesse desistido de desenhar as amarras de uma jovem e febril consciência formada a partir de peças de velhos enganos, rústicos e seminus.

Marcada pela fúria de ver partir o objeto do seu incontrolável desejo, a faustosa prisioneira da solitude versada em prosa pelas tantas testemunhas de sua incontestável beleza, vaga pela noite iluminada apenas pelo reflexo de sua busca para que, por apenas um breve momento, possa fitar a benese banhada em tons dourados. Esta por sua vez, ao abrir das cortinas da alvorada, lança suas cores pelos céus, como braços estendidos na direção de sua amada que vasculha cada detalhe desta tão alvoroçada descoberta.

Os poucos minutos que unem o sol e a lua no seu eterno galanteio nos presenteiam e inspiram a esquadrinhar a vida em busca de um sentido nobre para uma existência tão surrada pelos melindres do cotidiano.

 




Estocado em: CRÔNICAS
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