QUANDO UM NÃO QUER, DOIS NÃO TRANSAM.

Na manhã do dia em que completava 25 anos de casamento, mesmo percebendo a tradicional frieza da esposa quando o assunto era sexo, aquele homem, mesmo enfrentando um problema de disfunção erétil, tentou satisfazer um desejo sexual repentino, acariciando a esposa que ainda dormia e logo já ouviu o conhecido "hum!" de indiferença para as suas pretensões. Como quase sempre acontecia, não correspondeu aos seus chamegos preliminares, os quais logo se dissiparam, colocando um ponto final naquele desejo libidinoso. Então, como não houve nenhuma reciprocidade da parte da esposa sonolenta, ele pensou rápido: "não vou insistir. Chega de fazer um inútil esforço físico e mental. Mesmo que ela resolva atender o meu desejo, poderá ficar a ver navios! E aí a frustração vai ser em dose dupla. Quem sabe, em outra oportunidade!"

A seguir, após a higiene mantinal, tomou um café simples e sentou-se no seu lugar preferido e tentou ler um livro que havia começado na noite anterior. Mas quem foi que disse que aquele senhor conseguiu se concentrar naquela lelitura? Pois o seu pensamento estava voltado para o corpo da esposa, desta vez já livre das cobertas e esparramado quase nu na grande cama do casal. O silêncio era convidativo à leitura, porém os seus olhos estavam voltados para o quarto, onde aquele quadro provocante lhe tirava toda e qualquer atenção para uma leitura de um livro qualquer. E sendo assim, pensou com os seus botões: "se ela está daquele jeito todo despojado e à vontade, é porque resolveu fazer sexo...É agora ou nunca!" Fechou o livro, largando-o no sofá e adentrou, paulatinamente no quarto do casal. Quando ameaçou se despir, para a sua surpresa, ouviu uma voz pastosa da esposa, que logo se cobriu, assustando-se com a sua súbita presença: "E aí, já foi comprar pão?"

Após esta pergunta, totalmente diferente da recepção que ele pensava ter, naquela segunda tentativa de uma relação sexual matinal, no dia em que completava Bodas de Prata de casamento, não teve outra saída senão, fechar a porta do seu quarto e deixar a sua companheira em paz, nos braços de Morfeu, o deus do sono. Até que não ficou muito chateado, porque ele sempre estava ciente de que "quando um não quer, dois não transam", parodiando o ditado popular que diz: "Quando um não quer, dois não brigam!"

Brigar pra quê? A vida é bela. Há sempre um novo amanhã.

João Bosco de Andrade Araújo

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Enviado por JOBOSCAN em 17/07/2011
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