OS PÉS VERSUS A CABEÇA

Sete páginas, na ISTOÉ desta semana, para o jogador de futebol Neymar superam todo e qualquer reinado de um ‘super star’. Assim essa revista – da qual sou assinante – vai acabar com a selva amazônica mais cedo do que o previsto pelos ecologistas mundiais. E, como todos sabem, o papel vem dos vegetais, do verde das florestas.

Queria que a mídia dedicasse ao menos 1/7 desse destaque a quem, hoje, com mais de cem anos nos costados e centenas de obras de arte arquitetônicas espalhadas pelo mundo, com estudos e muito suor no rosto, briosamente ganhou a vida com a cabeça, ao invés de quem fabrica milhões com os pés.

Estou a falar de um brasileiro que todos conhecem, mas que não tem a dimensão sequer de um perna-de-pau de um time de várzea. Nome desse brasileiro: Oscar Niemeyer. São centenas e centenas de construções lindamente gigantescas, por ele projetadas, nas maiores cidades do nosso planeta.

Alguns grandes atletas se têm notabilizado, dentro e fora do campo, fora do País e aqui, com o beneplácito das multidões, até muito mais do que merecem. Muitos são beneficiários do mau-caratismo e da impunidade. Aqui e alhures, citam-se vários desses maus exemplos. Quem não lembra que mesmo o filho do Pelé andou pisando na bola, envolvendo-se no tráfico de drogas? Pai famoso, direito, rico, o filho precisava lá disso?

Embriagados, no Rio, quebrando em Ferrari de quase meio milhão, Edmundo, “o Animal”, e o Guilherme (este do meu Botafogo) matam loiras e parceiros de farras, ferem outros tantos, em estúpidos acidentes de trânsito e ficam na impunidade. A legislação nacional é “boazinha”, não põe na chave quem paga bem a bons advogados.

No Brasil e fora daqui, na Europa, os nossos milionários “exportados” se metem em orgias homéricas, estreitam laços de amizade com o “crime organizado”, patrocinam curras e orgias sexuais e ainda ganham enlaces sentimentais com modelos das mais destacadas. E não? Até se engajam com filha de primeiro-ministro devasso, pedófilo e sem compostura nenhuma. Pato & ‘bambina’ Berlusconi.

Mesmo o badaladíssimo “Ronaldo Fenômeno”, agora de chuteiras penduradas, era useiro e vezeiro em promover festivais de sexo e tomar carraspanas nas boates de luxo. Vejam em que dá tanta dinheirama fácil, logo de início, nas mãos de quem nunca teve, sequer, nem a mísera renda de um professor universitário. Já começam com milhões. E o Ronaldo bandeou-se até para um travesti. Ele, o amante de tantas mulheres lindas.

E o hoje “depufede”, Romário, que só vivia às voltas com a Justiça, por conta de ser um mau pagador de pensões alimentícias? Enjaulado, mais de uma vez. Em compensação, dizem, quatro Ferrari – carrões importados – todos novinhos em folha, na garagem, e mulheres loiras às pampas; e também encrencas muitas, por causa da filharada, saindo pelo ladrão. Prêmio? Deputado federal, congressista, o gajo.

Ora, um desses falsos ídolos dos brasileiros tirou foi fotos empunhando um R15, desenhando nos dedos as letras de uma facção criminosa; portanto, a fazer apologia do dito “crime organizado”. Recompensa? Novo contrato milionário na Itália e, já de volta, com mais grana astronômica no bolso, entra para o “Timão”.

Estamos é no império dos pés versus a cabeça. Estudar para quê? Claro que aqueles primeiros – os pés – são a prioridade nacional. Sete páginas na ISTOÉ para o Neymar! Nada para a Educação e/ou a Saúde. Macacos me mordam! Não me oponho que cada um ganhe seus milhões como sabe e como pode. É o processo democrático na “burrocracia”. Mas que jogador de futebol, no Brasil, tem mais status, pecúnia e merecimento do que a rainha, na Inglaterra, ah!... Lá isso, sem dúvida, tem.

Fort., 27/06/2011.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 27/06/2011
Reeditado em 27/06/2011
Código do texto: T3060741
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