OUVIDOS MOUCOS (EC)
 
Quem de nós já não se deparou com ouvidos moucos ante as nossas verdades, ante os nossos sentimentos? Quem de nós já não amargou a derrota de nossos argumentos perante pessoas que não têm por hábito desafiar as aparências e “ que aceitam os sofismas como verdades,  e engolem gato por lebre, indiferentes ao alerta do miado”, como bem diz   um mais sabido do que eu.

Não é fácil o poder de persuasão, da aceitação da palavra, da fé, basta lembrar o fato bíblico, precisou acontecer o Pentecostes para o Espírito Santo descer e arrancar dos apóstolos os olhos cegos da cara e os ouvidos moucos das orelhas para acreditarem na ressurreição daquele que se dizia filho de Deus.

Quantos já foram executados por sustentarem seus ideais, suas verdades,  perante ouvidos moucos, a História está repleta de exemplos e já que estamos no campo da literatura, cito o escritor ingles Thomas Morus, que por não reconhecer atos do rei Henrique VIII, - com quem tinha um relacionamento fraterno -, atos esses, que iam de encontro as suas convicções religiosas, preferiu a forca e deixou dito como últimas palavras: “The King’s good servant, but God’s First.”

...Neste momento em que trato deste assunto dou uma paradinha para um momento de reflexão... quando descubro que também estou cansada de ouvidos moucos, de correr atrás, de tentar  me explicar. Acho que é chegada a hora de voltar para a concha... de onde nunca  deveria ter saido para atender a sugestão do meu amigo  Dorian, que já se foi e que acreditava , como bom jornalista e escritor que era, que eu tinha o que dizer. Ledo engano,  tenho não, meu amigo querido, tenho não...


Este texto faz parte do Exercício Criativo – Ouvidos Moucos .Saiba mais, conheça os outros textos: http://recantodasletras.50webs.com/ouvidosmoucos.htm 
 
 
 
 
 
 
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 17/06/2011
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