Ouvidos moucos - EC
Mãe deveria ser ouvida com muita atenção pelos médicos antes de qualquer procedimento invasivo. Mesmo leiga tem informações preciosas que evitariam muitos erros médicos e sofrimento ao paciente que já os tem demais.
Meu neto perdeu a fístula que permite as seções de Hemodiálise três vezes pro semana no Hospital Mario Covas, pois no Servidor Público tal procedimento demandaria um tempo muito grande do qual ninguém em casa dispõe por conta do trabalho.
Desde 1993 ele é tratado lá no Hospital Público porque eu sou servidor público e meu convênio médico atendia as necessidades dele. Esse hospital é excelente. Os médicos sempre deram atenção à mãe, ao avô, explicando cada centímetro de procedimento, principalmente se fosse invasivo como uma cirurgia. A Equipe – eles lá tralham em equipe, não um médico relacionado ao problema que seja ouvido – o que diminui em muito as possibilidades de erro médico. Eles discutem a situação do paciente item por item, tim-ttim, por tim-tim. Num procedimento houve muita resistência nossa em concordar, pois não havia consenso na equipe e, o procedimento foi modificado.
Quando numa cirurgia a família é consultada, é porque tem condições de dar detalhes sobre o paciente, de qualquer idade, que o médico, que não conhece a pessoa, seus gostos, suas manias, seus defeitos, seus sentimentos- essa cirurgia é pelo menos adiada. E, não há dia em que o médico não visite o internado. Falo co com conhecimento de causa. São anos e anos, indo quase diariamente a esse hospital, seja no OS, seja em consulta, seja nas diversas internações.
Essa equipe do Servidor Público não se observa no Hospital Mário Covas onde o meu neto faz as seções de hemodiálise. Segunda-feira, próxima passada, ele foi para o procedimento e não conseguiram, pois ele havia perdido a fístula. Foi encaminhado com urgência para o Centro cirúrgico para avaliação médica mais especializada, às seis da manhã mais ou menos.
Passa o dia, passa a terça e só enfermeiras medindo a pressão, verificando a temperatura. Médico? Onde? Depois de muitas reclamações e solicitações porque ele estava ficando cada vez pior por falta da diálise, veio um vascular. Analisou sozinho o menino (ele é franzino, franzino pela idade, entrando nos dezoito) e marcou para quarta uma cirurgia em que iam introduzir um “permicate” para ele poder dialisar imediatamente. Passou a quarta e a cirurgia? Ficou para quinta. Outro jejum.
Quinta-feira veio uma médica vascular. Minha filha relatou a vida hospitalar, o que era melhor para ele, pois ela já estava bem, muito bem informada pelo Servidor Público da situação do filho. A médica, a deusa, a infalível fez ouvidos moucos e introduziu o “permite” no pescoço. Minha filha havia dito que ele não podia usar aquela veia e artéria que elas estavam sendo protegidas por conta do grande risco de perfurar o pulmão e agravar a situação. A Médica emitia olhares de descaso: uma leiga, metida a médica, a sabida.
Não deu outra: permite perfurou o pulmão e ele teve que fazer outra cirurgia. Veio explicar o que iria acontecer e imagine o que ela ouviu. Se ela tivesse ouvido a mãe que cuida dele há dezoito anos o menino, pelo menos esse susto não teria levado.
Os médicos, os professores, os engenheiros, arquitetos estão sendo preparados para errá-lo, errou. Fazer o quê? Errar é humano. Mas tem erro que pode facilmente ser evitado. E pensem que ela admitiu que errou? Não! Foi o riso da introdução do permicate, que é provisório, e pior que a fístula que já deixou o braço dele deformado. Não admitiu que errou, mas que a mãe era leiga, e, na linguagem deles, burra, não sabia de nada. Realmente ela não é técnica, mas do organismo debilitado do filho ela sabe melhor que ele.
Resultado desse disparate: ele está com um dreno no pulmão e vai ficar mais alguns dias lá internado, a família para ter informação tem que sempre exigir de forma bem contundente, se não eles não dão as caras. Só receitam pela documentação.
Desde segunda-feira pra hoje já se foram cinco quilos que ele vai demorar pelo menos um ano para recuperar se não for necessária transfusão de sangue para debelar a anemia grave que já adquiriu por conta do seu problema renal.
Tudo porque os médicos fazem ouvidos moucos para as pessoas próximas de seu paciente que ele só conhece pelo prontuário. Um número, uma ficha e pouco rendimento financeiro.
Seria útil um trabalho em equipe, em interação, numa interdisciplinaridade
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Ouvidos Moucos
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/ouvidosmoucos.htm
Mãe deveria ser ouvida com muita atenção pelos médicos antes de qualquer procedimento invasivo. Mesmo leiga tem informações preciosas que evitariam muitos erros médicos e sofrimento ao paciente que já os tem demais.
Meu neto perdeu a fístula que permite as seções de Hemodiálise três vezes pro semana no Hospital Mario Covas, pois no Servidor Público tal procedimento demandaria um tempo muito grande do qual ninguém em casa dispõe por conta do trabalho.
Desde 1993 ele é tratado lá no Hospital Público porque eu sou servidor público e meu convênio médico atendia as necessidades dele. Esse hospital é excelente. Os médicos sempre deram atenção à mãe, ao avô, explicando cada centímetro de procedimento, principalmente se fosse invasivo como uma cirurgia. A Equipe – eles lá tralham em equipe, não um médico relacionado ao problema que seja ouvido – o que diminui em muito as possibilidades de erro médico. Eles discutem a situação do paciente item por item, tim-ttim, por tim-tim. Num procedimento houve muita resistência nossa em concordar, pois não havia consenso na equipe e, o procedimento foi modificado.
Quando numa cirurgia a família é consultada, é porque tem condições de dar detalhes sobre o paciente, de qualquer idade, que o médico, que não conhece a pessoa, seus gostos, suas manias, seus defeitos, seus sentimentos- essa cirurgia é pelo menos adiada. E, não há dia em que o médico não visite o internado. Falo co com conhecimento de causa. São anos e anos, indo quase diariamente a esse hospital, seja no OS, seja em consulta, seja nas diversas internações.
Essa equipe do Servidor Público não se observa no Hospital Mário Covas onde o meu neto faz as seções de hemodiálise. Segunda-feira, próxima passada, ele foi para o procedimento e não conseguiram, pois ele havia perdido a fístula. Foi encaminhado com urgência para o Centro cirúrgico para avaliação médica mais especializada, às seis da manhã mais ou menos.
Passa o dia, passa a terça e só enfermeiras medindo a pressão, verificando a temperatura. Médico? Onde? Depois de muitas reclamações e solicitações porque ele estava ficando cada vez pior por falta da diálise, veio um vascular. Analisou sozinho o menino (ele é franzino, franzino pela idade, entrando nos dezoito) e marcou para quarta uma cirurgia em que iam introduzir um “permicate” para ele poder dialisar imediatamente. Passou a quarta e a cirurgia? Ficou para quinta. Outro jejum.
Quinta-feira veio uma médica vascular. Minha filha relatou a vida hospitalar, o que era melhor para ele, pois ela já estava bem, muito bem informada pelo Servidor Público da situação do filho. A médica, a deusa, a infalível fez ouvidos moucos e introduziu o “permite” no pescoço. Minha filha havia dito que ele não podia usar aquela veia e artéria que elas estavam sendo protegidas por conta do grande risco de perfurar o pulmão e agravar a situação. A Médica emitia olhares de descaso: uma leiga, metida a médica, a sabida.
Não deu outra: permite perfurou o pulmão e ele teve que fazer outra cirurgia. Veio explicar o que iria acontecer e imagine o que ela ouviu. Se ela tivesse ouvido a mãe que cuida dele há dezoito anos o menino, pelo menos esse susto não teria levado.
Os médicos, os professores, os engenheiros, arquitetos estão sendo preparados para errá-lo, errou. Fazer o quê? Errar é humano. Mas tem erro que pode facilmente ser evitado. E pensem que ela admitiu que errou? Não! Foi o riso da introdução do permicate, que é provisório, e pior que a fístula que já deixou o braço dele deformado. Não admitiu que errou, mas que a mãe era leiga, e, na linguagem deles, burra, não sabia de nada. Realmente ela não é técnica, mas do organismo debilitado do filho ela sabe melhor que ele.
Resultado desse disparate: ele está com um dreno no pulmão e vai ficar mais alguns dias lá internado, a família para ter informação tem que sempre exigir de forma bem contundente, se não eles não dão as caras. Só receitam pela documentação.
Desde segunda-feira pra hoje já se foram cinco quilos que ele vai demorar pelo menos um ano para recuperar se não for necessária transfusão de sangue para debelar a anemia grave que já adquiriu por conta do seu problema renal.
Tudo porque os médicos fazem ouvidos moucos para as pessoas próximas de seu paciente que ele só conhece pelo prontuário. Um número, uma ficha e pouco rendimento financeiro.
Seria útil um trabalho em equipe, em interação, numa interdisciplinaridade
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Ouvidos Moucos
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