Sobre Educação

Venho pensando há algum tempo como seria bom se voltasse aquele olhar com que os pais brindavam os filhos quando se metiam a “engraçadinhos”.

Aquele olhar de: depois acertamos as contas. Tremíamos na base e já pensávamos no sermão mas que no puxão de orelhas, este doía um pouco, mas passava. O sermão, não. O sermão nos fazia refletir no que de errado tínhamos feito. Era uma conversa, bem verdade que só uma das partes conversava, a nós cabia escutar, porém como quem escuta sempre aprende, alguma coisa daquele lengalenga ficava em nossas mentes. Talvez falte isto aos jovens de hoje - A conversa.

Era conversa para mais de uma hora, só isso já nos fazia pensar duas vezes antes de cometermos o mesmo erro. Às vezes o aprendizado remetia a gerações anteriores. – Os meus pais me criaram assim e os pais deles os criaram pior ainda – Pior? O que será pior, a maneira como os nossos pais foram criados ou maneira como criamos nossos filhos? Quem pode contar vitória? Nós?!

Lembro-me de certa ocasião em que inadvertidamente passei entre minha mãe e uma amiga dela quando conversavam sobre algo que hoje me foge a memória. No entanto, sinto até hoje doer à costa com aquele olhar que senti acompanhar-me. Quando do fim da visita descobri que nunca mais voltaria a fazer tal afronta e não foi por palmadas que cheguei a esta decisão, mas pela conversa que minha mãe teve comigo.

Ela disse – Filha você sabe o que fez – claro que não sabia, mas aprendi que aquele simples ato tinha interrompido uma conversa importante. Tinha também, dado à ideia que minha mãe não me dava a educação devida. Aprendi que eu devia pedir licença quando, necessariamente, interrompesse a conversa de alguém. Que devia pedir desculpas por meu ato falho e também por ter deixado a minha mãe mal perante sua amiga e que se houvesse uma próxima vez o castigo também viria e como já tinha aprendido em ocasiões passadas que promessa para minha mãe era divida decidi que isto jamais tornaria a acontecer.

Confesso que na ocasião não gostava daquela cantilena nos meus ouvidos e ao ficar adolescente tentei escapar dela diversas vezes, mas o amor de minha mãe era maior que minha resistência, ela sempre voltava à carga e confesso também que mesmo resistindo sempre ouvi os conselhos dela e, se não todos, alguns carrego comigo e penso que um dos mais importantes diz respeito não aos conselhos mais ao simples ato de conversar.

Mesmo que às vezes pareça que você conversa sozinho se dê uma chance. Converse com seu filho, explique, aconselhe, brigue, discuta, debata, mesmo que futebol. Não tem importância o assunto, qualquer que ele seja vai abrir espaço para você mostrar sua experiência, seus erros e acertos e como você sempre será um modelo para seu filho de alguma maneira você vai chegar até ele.

Mas lembre-se você é modelo, então dê exemplo.

Arlete Araújo
Enviado por Arlete Araújo em 06/06/2011
Reeditado em 27/04/2012
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