A dama de luxo
 
            Bonita e elegante. Talvez o casaco de pele de raposa, talvez, era demais. Mas não sendo nos dias atuais, quando usar pele animal é um verdadeiro atentado aos olhos dos ecologistas, não era considerado um acinte.
            Andava de um canto em canto em Montmartre, procurando uma loja de fotografia, mais exatamente, um local onde pudesse adquirir uma câmera fotográfica.
            Nas suas ‘indas e vindas’, a bela dama foi interpelada pelos gendarmes, sempre atentos nas ruas de Paris. 
            A dupla pediu a identidade e a carteira profissional, onde os exames médicos têm que estar atualizados. Os policiais, via de regra, são muito mal preparados para este tipo de coisa. Enxergam chifres na cabeça do cavalo, e pobre égua que nutre por ele uma atração. É considerada promíscua, como se nós, animais de quatro e duas patas, estivéssemos sujeitos a este julgamento.
            A bela dama, sem medo de afrontas, mostrou a identidade estrangeira. Não era francesa, muito menos prostituta. Se o julgamento dos policiais foi rígido aos extremos, e totalmente equivocado, vendo o passaporte, foi liberada com um pedido de desculpas.
            Os policiais, em todo mundo, são arrogantes e precipitados. Fossem mais espertos, perceberiam que a bela dama poderia ser uma ‘putain’ sim, mas de clientela rica e selecionada. É comum, muito mais do que pensamos.
            Artistas famosas, modelos, mulheres notáveis e bonitas, muitas, costumam usar este modo de manter uma vida confortável, nunca cobrando menos do que mil dólares por hora de trabalho.
            Envergonhados, pediram desculpas e foram-se embora. Querem saber quais as brasileiras que cobram muito só para aparecer numa festa?
            Fiquem querendo. O cronista conta o fato. Somente. 

imagem: Nu, Modigliani, óleo sobre tela   
           
Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 03/06/2011
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T3011983
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