APENAS UM HOMEM

Um homem é só isso que sou.

Apenas um homem, que sente frio, fome, sede. Que tem insegurança diante das incertezas da vida, que sorri com uma piada engraçada e chora com as desilusões da vida.

Que não acredita na maldade nos corações dos homens e se martiriza com tanta desigualdade, com tanta desgraça ao redor do mundo.

Que abomina terrorismo, violência, trabalho escravo, discriminação racial, qualquer tipo de preconceito.

Que sonha com o amanhã e não crê em coisas impossíveis, acredita em mudança em retorno, recomeço.

Apenas um homem, com coração terno diante do belo, do amor, duro com injustiças e falta de verdade, que se doa para o bem das pessoas quando bem intencionadas, coração puro, e intransigente com falta de caráter, de verdade, enganação.

Sou somente um homem, não mais que isso, não o gênero, mas a espécie, homo habilis, erectus, ergaster, florensiensis, neanderthalensis, enfim homo sapiens.

Evoluímos, revolucionamos a indústria, construímos aviões inventamos a rede, capazes de vencer doenças das mais contagiosas, mas não aprendemos a controlar nossas emoções, vencer nossos sentimentos.

Magôo-me talvez fácil demais, acredito talvez demais, também desconfio talvez demais e atiro-me por impulso, e destruo por defesa, e arrependo-me pensativamente, e peço que possa voltar o tempo, consertar todos os erros, peço ao PAI me de tempo para mostrar quem sou por dentro. Cheio de verdades e contradições, cheio de certezas e dúvidas.

Apenas um homem, capaz de atos inimagináveis e pecados imperdoáveis, mas que sente a presença de DEUS, supremo arquiteto, gênio e criador, apaziguando seu coração, convencendo-o de seu erro, acalmando seus conflitos, devolvendo-o a serenidade, levando-o a pedir perdão, ÙNICO capaz com seu amor incomensurável de vê-lo na essência e ditá-lo o caminho e dizer-lhe, filho estais perdoado.

Queria que DEUS tivesse me feito menos homem, menos frágil, menos dependente, menos crente, menos hipócrita.

Não queria que tivesse me feito mais perfeito, mais másculo, mais sério e menos sonhador. Não queria ter a leveza dos pássaros, a obstinação da águia a força do cavalo a autoridade de um leão, não queria ser perfeito.

Queria apenas passar por essa vida, pesada e efêmera vida, como alguém que amou e foi amado, como alguém que teve seus ideais respeitados, que amou somente uma mulher e por ela somente foi amado, que viu nos olhos do filho, orgulho de te-lo como pai, viu o amor e carinho. Queria passar por essa vida sem deixar ódio e rancor, mágoas.

Despedir-me tendo sido apenas eu mesmo, só um homem, tendo amado intensamente, como também intensamente tendo sido amado, plantado uma arvore, escrito um livro e tido um filho, como um homem, apenas um homem.

Renato Cajarana
Enviado por Renato Cajarana em 25/05/2011
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