INJEÇÃO DE ÂNIMO NA RUA

Dia desses estava trafegando numa via pública, e deparei-me com uma pessoa que estava cabisbaixa, tristonha, melancólica e só olhando para baixo.

Parei, parei, observei, tornei a observar e daí constatei que aquela pessoa estava meio que à procura de algo que perdeu.

Com sou movida à instintos altruístas e generosos sempre (graças a Deus), tratei de travar uma conversa com aquela criatura.

Falei: - Oi, tudo bem contigo?

- Nada. Rispidamente me respondeu.

- Que há, contigo? Insisti.

- Olha nem te conheço, não me venha puxar assunto que estou muito aborrecida e não quero falar com ninguém ( só que ela já estava falando comigo, entendeu?).

- Nossa, você é tão jovem, tão bonita e deve ter uma vida sossegada, pelo menos aparenta ter. Falei eu, no intutito de instigá-la a abrir a boca e desabafar comigo, pois eu vi claramente o desespero daquela pobre criatura. Estava explícito em seu semblante decaído.

Aquela pessoa fumava como uma desesperada, olhos esbugalhados, cabelos desalinhados, perfume vencido, dava dó.

Daí, ela parou e finalmente fitou meus olhos (porque até então ela fugia do meu olhar profundo, pois eu olho profundo), ela parou de desviar o olhar de mim.

Ah, como num toque de mágica, aquela criatura 'se abriu 'comigo, contou-me alguns contratempos que estava vivenciando, eu ouvi, ouvi, alisei seu rosto (eu gosto disto), sorri para ela, olhei firme em seus olhos e disse:

- Nem te conhecia há 15 minutos atrás, mas já sei algo profundo de tua vida. Prossegui: - Olha, pensa nas coisas boas que a vida já te proporcionou, lembras que tens saúde, tens filhos maravilhosos, tens uma marido cavaleiro e dócil contigo e esta 'coisinha' vai te abater?

Será que você não está dando muita importância aos detalhes e esquecendo das coisas principais?

Gente, aquela criatura, enxugou as lágrimas, ergueu a cabeça, beijou minha face, e disse:

Como te chamas?

-Fátima. Falei.

- Nunca mais esquecerei de ti. Obrigada pelas doces palavras! Falou.

Aquela criatura saiu, semblante diferente, e eu, com essa minha cabecinha de boba, esqueci de perguntar o nome dela, mas sei que aquela fisionomia sempre estará presente em minhas historinhas da vida, pois pude de forma simples, mas objetiva, dar uma injeção de ânimo numa pessoa que estava vendo gigantes, onde só existiam fantasmas imaginários.

Fátima Burégio
Enviado por Fátima Burégio em 22/05/2011
Reeditado em 23/05/2011
Código do texto: T2987002
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