045 - VINTE ANOS DE CASADOS...

Hoje, até parece um sonho, completamos vinte anos de casados, cinco filhos, pouco dinheiro no bolso, sem tempo pra novidade alguma, nem para uma pequena viagem para comemorar, mas combinei com minha esposa que pela primeira vez em nossas vidas iríamos a um motel, champanhe, queijos especiais, não iria economizar, meus filhos meu irmão os levou para passearem no shopping que gastassem o que gastassem tudo é festa comemorativa.

Lá fomos nós, vidros do carro bem fechados para não sermos notados, minha vida professor na faculdade federal me tornou muito conhecido, a toda pressa avistei o motel, o mais chique, quarto todo espelhado até o teto ia imaginando, azulzinho já circulando pelo sangue, será uma noite inesquecível!

Parecendo dois adolescentes fazendo uma travessura, na pressa, na afobação acabei entrando no motel pela saída e em uma curva esbarrei em um outro carro que estava saindo.

Escutei o motorista nervoso aos gritos se aproximando, abaixei um pouquinho o vidro, minha esposa parecia até que estava escondida debaixo do painel do carro:

- Você deve ser um analfabeto, não leu aquela imensa placa onde está escrito saída?

– Meu amigo me perdoa, estava tão apressado que confundi as coisas!

– Eu conheço esta voz, ei! Você é o meu professor de economia, safadinho, na faculdade se porta como um anjinho, quem será a piranha que o senhor vai traçar esta noite?

– Amassou o seu carro?

– Nada demais, professor! Me apresenta a gatinha, Maria Rita vem cá! Você não vai acreditar, tem que ver pra crer!

– Caramba! É você em carne e osso, quem é a sortuda que você esta levando pra cama!

-Deus tenha piedade de mim, essa Maria Rita também é professora, saindo com um aluno, deveria ser processada. Devagarzinho fui dando marcha ré, escapei desses dois linguarudos sem que eles vissem a minha esposa, que já estava toda perturbada.

Agora sim entrei pela entrada, na portaria... Lá de dentro do reservado...

– Professor! Mas que surpresa! Nunca vi o senhor em motéis, faço uns bicos aqui para ajudar nas despesas da faculdade, aceita meu conselho reserve o quarto número trinta e três, é um dos melhores, o que eu não daria para ver a gatona que o Senhor vai levando...

– Meu amor você não acha melhor a gente voltar para nosso apartamento, está dando tudo errado!

– Peraí! Minha querida! A gente sempre sonhou em vir a este motel, não vamos desistir no fim tudo dará certo.

Entrei no motel cantando pneus e fui direto para a garagem do apartamento, nem bem acabei de descer do carro um outro carro entrou na mesma garagem...

– Moço este apartamento é o meu, se manda daí!

– Seu nada, eu cheguei primeiro! O outro descendo do carro e ao se aproximar:

- O que! Meu colega de profissão, nunca iria imaginar você em um motel, a menina que te faz companhia deve ser uma tesão, me apresenta ela por favor! Esta garagem é do apartamento trinta e dois, qual é o seu?

– O meu é o trinta e três!

– Deve ser a emoção, cai fora daí, que eu quero estacionar!

Minha desgraça ainda estava longe de terminar, na afobação ao dar a marcha ré, bati a traseira do meu carro em um coqueiro, o barulho da colisão atraiu muitas pessoas que ficaram admiradas com a minha presença, para complicar minha esposa perdendo a paciência saltou do carro com toda ternura falou:

- Meu amorzinho eu falei, vamos voltar para o nosso apartamento, para o nosso lar, lá a gente pode comemorar em paz os nossos vinte anos de casados! Nem conto a gozação que foi toda aquela gente nos parabenizando pelas duas décadas de casados. Após tantos contratempos desistimos do motel e voltamos para o nosso apartamento e ela perguntou:

- Você disse que ia tomar um comprimido azul para melhorar, tomou?

– Tomei, mas diante de tantos problemas parece que ele não fez efeito!

– Toma mais um, finalmente estamos sós. Tomei logo o azulzinho e pensei comigo se não matar, engorda, pelados pulamos na cama. Num repente a porta do apartamento abriu bruscamente, meus cinco filhos, irmãos, cunhadas, meus pais, entraram e vieram direto para o quarto cantando o parabéns pra você.

Eu queria mesmo era morrer, a única coisa que eu e minha esposa achamos ao alcance das mãos para encobrir nossas vergonhas foram os travesseiros, naquela algazarra, todos tirando fotografias, trouxeram o bolo com vinte velinhas já acessas, colocado em cima da cama, finalmente comemoramos pelados, mas felizes nossos vinte anos de casados!!

Tarde da noite, tudo serenado, minha esposa ternamente perguntou:

- E o azulzinho ainda esta fazendo efeito!

– Claro que não! O único efeito que estou sentindo é que estou sem um pingo de sono!

– Toma outro azulzinho!

– Você deve estar maluca, já tomei dois, mais um na certa infartarei!

– Não seja tão preocupado, seu seguro de vida está em dia!

– KKKKKKKKKKK, estou valendo mais morto do que vivo, mas o que importa é que de uma forma extremamente inusitada e surpreendente comemoramos os nossos vinte anos de casados...

Magnu Max Bomfim
Enviado por Magnu Max Bomfim em 25/04/2011
Reeditado em 16/10/2012
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