Outono de Páscoa (Parte I))

Florianópolis, Brasil

22 de abril 2011

Sexta-Feira

QQ Hora

Outono! Sexta-feira. Vinte e dois de Abril. Fim de Tarde. Lá fora, o azul do céu esmaecia. Pássaros em bandos se recolhiam. Brisa úmida a pentear cabeleiras de Palmeiras Reais. Já desconfiava, que aquele céu de brigadeiro, tornar-se-ia negro como a bruma. Porém, enfeitado por contas prateadas de lamparinas e candeeiros celestiais.

Anoitecia!

Sozinho! Deitei os óculos sobre o sofá. Fixei um olhar distante e absorto no deslizar dos peixes ornando o pequeno aquário.

Para mim! A sala desnudava-se entre sombras e luzes esmaecidas, jorradas daquele pequeno mundo aquático. Lebistes, Poecilia Wingei, Platis, Espadas, Mollys, Colisas, Neons Negros, Pristelas, Borboletas, Mocinhas e Acarás, mascando água, num sublime e leve bailar. Ambiente lusco-fusco cheirava a cravo e canela, dos incensos que projetavam fininhas línguas em fumaça dançante, que subia e se perdia.

Ao meu lado! Jonhannes Simmel descansava à mesa de centro. Cansado da narrativa “Não matem as Flores”. O maitre Duhamel acaba, por acidente, dar entrada à Pátria Espiritual. O velho coração não resistiu o peso da revelação de sua estória à pequena Patty.

Pensativo! Deitei olhos num quadro, desenho a lápis, que meu Pai imortalizou uma garrafa de licor, protegida por um cachepô de palha. Pensei em levantar um brinde com Simmon, se não fosse o silêncio quebrado por alaridos de crianças.

No Peitoril! Debrucei-me à Janela. Divisei seis pessoinhas sorridentes, que aos pulos, abriam caminho para dois passantes. Apressados, seguravam imensas sacolas. A luz escassa do poste da esquina revelou colorido e brilho de grandes laminadas abas. Ibejis transbordavam alegria, otimismo, alarido brincalhão, espertesa infantil e voracida pelo que é doce.

Derrepente! Vi-me imerso nas lembranças pasqualinas de minha infância, da dos meus filhos e neta. Ahhh! Diga-me qual de nós, todos os anos, no Domingo de Páscoa, não encarnamos a alma pura da criança e ficamos alucinados pelo “coelhinho e os Ovos de Pascoa"? Quem de nós, não nos projetamos na alma infantil? Quem de nós, neste Domingo, com o coração, saltintando mais alto do que a estatura física, não caçou seus Ovos de Páscoa?

Com certeza! Entra ano, sai ano, ressusitamos nossa criança. Compartilhamos resnascedoura alegria de vida, de um sempre novo recomerço, uma intensa ressureição anual. Saudamos o Cristo, que habita nossos corações.

Mané das Letras

Mané das Letras
Enviado por Mané das Letras em 25/04/2011
Código do texto: T2929080
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