A força das palavras
As palavras, além de instrumentos com os quais nos comunicamos, podem ser fonte de inspiração, tema, síntese de um pensamento, entre outras nobres funções na expressão das idéias. Entretanto, tal como o próprio ser humano, elas têm personalidade, força, suavidade e demais valores do gênero. Uma das características de certas palavras que mais me impressionam é a de não expressar o que pretende pela banalização com que são usadas, devido, talvez, à propriedade de sintetizar que possuem e se prontificarem às abrangências dos seus usuários. Para deixar clara a idéia exata elas exigiriam uma explanação.
Evidentemente, o grau de sensibilidade dos interlocutores graduará essa necessidade, isto é, quanto mais sensível, perspicaz ou simplesmente inteligente eles o forem mais reduzirão explicações.
A palavra que mais leio e / ou escuto e que contém um universo de significados é a palavra “amor”. Certamente usada de forma indiscriminada e com as mais estapafúrdias intenções ela é uma conveniência psicológica versátil e imprecisa. A “paz” é outra palavra extremamente abusada em seu uso, normalmente vago e tão fugaz quanto o anseio alienado dos que popularmente a usam. Posso parecer injusto no caso da “paz”, mas evidentemente há outras palavras que se adéquam a cada um dos casos em que ela é usada de forma ingênua e panfletária.
Existem muitas outras palavras que são usadas sem a devida pompa ou consciência, como se o linguajar precisasse ser superlativo no seu dia a dia para ser convincente. É possível que essa falsa necessidade tenha estimulado os usos exacerbados, como se não bastassem os contextos, as ênfases necessárias ou os climas.
Essas práticas contribuem grandemente para o esvaziamento da profundidade dos seus verdadeiros significados.