Crônica de um Vencedor.

Num salto, ergueu-se da cama com um contorcer do abdômen, feito um animal em prontidão noturna de ataque. Escovou a vida como quem escova suas pérolas mais preciosas. Comeu cevada com whey protein, além de duas maçãs verdes, respirou fundo, pegou sua bicicleta e capacete e rumou para o trabalho. Há muito deixou o carro. Colabora com o meio ambiente, não prega maus-pensamentos, não fuma, não bebe, não maltrata animais, respeita mães e pais, crianças e idosos, cumpre criteriosamente com seus deveres cívicos, e nada de ruim no mundo ultrapassa sua aura protetora

Está sempre de prontidão para ajudar quem quer que seja, com o que seja, desde dinheiro, até ajudar senhoras idosas a atravessar a rua.

Sempre foi um bom filho, um bom marido, um bom pai e um bom cidadão. Busca cedo o pão, beija a mulher e os filhos, ajuda os pobres nos fins de ano, com presentes para suas crianças e alguns alimentos para suas famílias. Adora o ex-presidente Lula, por isso votou na Dilma. Foi adepto da ditadura, pois, como mesmo diz, lá não havia bandalheiras, nem corrupções, nem drogas, nem mendigos e nem crianças e mulheres perdidos na vida perniciosa.

Tem um cão da raça labrador, jamais falta ao trabalho, é respeitado por todos, tem um bom salário e todo ano é promovido.

Faz viagens anuais com a família, freqüenta a igreja todos os domingos pela manhã, paga dízimo, um pouco a mais do que o devido, beija a mão do padre, não maldiz, nem pragueja e jamais fora visto falando um palavrão.

É um cidadão respeitado...

Porém, todo fim de tarde, quando chega do trabalho, cansado, afrouxa a gravata, baixa a calça e senta com a bunda no vaso sanitário, se sentindo envergonhado de ser humano, igual a todos, e de soltar aquilo que de dentro de si cai, batendo na água do fundo do vaso, molhando por vezes sua bunda, e como fede..., como fede!

Obs.: crônica dedicada a mari, que não se sabe se é a Alexandre, nem se existe de verdade, pois é uma "anônima", e que precisa de algumas aulas básicas de portugues...

Savok Onaitsirk, 01.04.11.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 31/03/2011
Reeditado em 31/03/2011
Código do texto: T2880959
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.