MUITO ESQUISITO

Lá pelos anos mil e mais mil antes de cristo, quando eu ainda engatinhava, ava, ava, e ia por aquele mundo agora tão distante, entre seres estranhos, bizarros, bárbaros e tantas outras espécies especiais, tentando sobreviver aos ataques e investidas dos inimigos, da natureza e do céu caíam ininterruptas tempestades, raios e trovões, enquanto o planeta também sofria com o bombardeio de meteoros e outros corpos celestes que, sem rumo, sem destino, teimavam em cair logo aqui, neste pequeno planetóide nos confins do sistema solar, lar de seres estranhos, esquisitos.

É lógico que também sou esquisito, para sobreviver, tenho que ser esquisito, por natureza, camuflado, camaleão, disfarçado, mascarado, abusado, para viver.

E o sol entrou em colapso e vomitou tanta luz que queimou meu cérebro, ainda em formação, nesta época eu ainda engatinhava, ava, ava, e ia vagando pelo planeta, enquanto o tempo, eternamente relativo, mesmo naquela época, se descompassava, ava, ava, e ia se desintegrando, afunilando, muito esquisito.

Loucamente, pois os dinossauros já haviam desaparecido, ido, ido para onde? Já haviam sido varridos do planeta, para onde? Para debaixo do tapete? Era estranho pensar nisto, mas era, esquisito, então pensava assim mesmo, e é lógico que também vou desaparecer do planeta, vou ser varrido? Para onde? Qual constelação? Costela de adão?

O clima ficou tenso, o ar pesou, o céu escureceu, e mesmo o sol, que vomitou tanta luz, agora se esconde, modesto, frente ao enigma. Eram os deuses astronautas? Vindos de onde, para onde iam? Estavam perdidos no espaço?

Eram tantas as perguntas que meu cérebro queimado teimava em buscar respostas, onde? Eu também estava perdido, no espaço?

Sem respostas, pulava para outro tempo, de um lado para outro, para sobreviver, reencarnava? Sou carne e osso, espírito de porco?

Lambuzava minhas idéias perdidas neste lamaçal que deu vida a tudo nesta terra, esquisita.

Se vivi nas cavernas, entre tantas teorias, a que mais me seduziu, evolucionista, é que sempre me vejo na fila do sanatório, esquisito.

florencio mendonça
Enviado por florencio mendonça em 29/03/2011
Reeditado em 18/11/2011
Código do texto: T2877649
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