Comodismo, covardia ou Sensatez?
 

               Não aconteceu de repente. Um sintoma aqui. Outro ali. E quando me dei conta já estava tomada por esta síndrome do “quero viver em paz”. Mentira. O nome é outro. Comodismo? Sem perceber(?) estava calando para não ferir. E, por covardia, me omiti deixando passar “batido” algumas mentiras ditas como verdades.

 
               Em outras ocasiões, dizendo ser sensatez, deixei passar a minha vez e não fiz o que acreditava ser certo. Em nome da harmonia, silencie minhas verdades ouvindo, calada, discursos que agrediam minha sensibilidade.
 
               Dizendo-me educada ouvi impropérios e não devolvi as chibatadas verbais com aquela ferina verdade capaz de atingir a alma como uma navalha. 
 
               Isso não é paz. Paz nasce da verdade, da alegria e, quase sempre, das diferenças. Não preciso, não posso e não devo continuar olhando a vida com lentes embaçadas por esta “suposta” sensatez.
 
               Humilharam os poetas* e, consequentemente a poesia, encontraram uma adolescente embaixo da cama de um presidiário e eu nada falei, criaram um blog apócrifo com fins “politiqueiros” e eu nem tomei conhecimento. Continuei calada. Observando.
 
               Por onde anda minha decisão de jamais calar diante da injustiça, da hipocrisia? Onde perdi minhas espadas, minhas armas, minha coragem? Estarei ficando covarde? Não tenho respostas, ou não quero aceitar as que me parecem óbvias, mas estou ficando preocupada. 
 
               Não quero perder minha identidade. Meus princípios. Quero de volta minha inquietação, meu atrevimento, minha audácia. Existe alguma possibilidade deles mudarem de forma sem, necessariamente, se transformarem em covardia, comodismo?
 
               Alguém ai já passou por isso e pode aconselhar-me? Estou preocupada. Muito preocupada.
 



*A POEMA, agremiação que congrega os poetas mossoroenses, preparou uma extensa programação para o dia Nacional da poesia, domingo pela manhã, quando estavam realizando um recital na COBAL foram expulsos pela guarda municipal. Até hoje a prefeitura não se pronunciou sobre o caso.
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 20/03/2011
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