Cuidados

Há poucos dias minha filha enviou-me um email com cenas de um massacre de golfinhos na Nova Zelândia? (o endereço está logo a seguir). Diz o email que este massacre é um ritual dos jovens neozelandeses para provarem que estão prontos para saírem da adolescência e entrar na fase adulta. Eles só matam os golfinhos porque esses animais aparentemente dóceis vêm à praia para apreciar o movimento e brincar com os banhistas. Então são massacrados impiedosamente.

Minha filha ficou indignada com esta história e pediu que eu assinasse o baixo assinado que está no email. Assinei. Logo em seguida ela me ligou pedindo que eu fizesse alguma coisa, já que trabalho no Senado Federal.

Muito orgulhoso da atitude dela e entendendo o arroubo característico de sua juventude, expliquei-lhe que é muito complicado um país interferir na vida cultural de outro país. Inconformada, ela disse que eu era que nem aqueles neozelandeses que matam os golfinhos. Vendo seu inconformismo, eu disse que poderia falar com um senador da Comissão de Relações Exteriores para chamar o embaixador da Nova Zelândia e fazer com ele explicasse aquela matança e assim os senadores mostrariam que o Brasil não concorda em matar golfinhos. Do outro lado da linha ouvi seu estrondoso grito de alegria. "Taí, a solução é essa. Vou levar meus amigos com cartazes e faixas de protesto no dia que ele estiver falando". Concordei, mas fiz a seguinte ponderação:

- Filha, agora imagine o embaixador sentado, a sala cheia de senadores, repórteres e faixas. Imagine ele perguntando para nós brasileiros: "Por que vocês estão tão preocupados com a morte dos golfinhos se vocês são um país que mais mata no trânsito? Como vocês querem salvar os golfinhos se suas crianças estão morrendo de fome nos semáforos e embaixo dos viadutos? Quem é mais essencial para a humanidade, os nossos golfinhos ou as suas crianças? 99% das nossas crianças estão alfabetizadas; 75% dos nossos jovens estão matriculados em programas educacionais. Enquanto isso, apenas 11,5% das crianças brasileiras estão alfabetizadas e apenas metade dos jovens brasileiros terminam o ensino médio. A nossa eficiência em saúde pública está em 54,53%. A eficiência brasileira é de apenas 37,14%. Senhores e senhoras, não queiram salvar os golfinhos enquanto não cuidarem dos seus anciãos maltrapilhos perambulando pelas ruas".

Minha filha disse que eu era um conformado, que isso era discurso de quem não quer mudar o mundo. Desligou o telefone prometendo que iria fundar uma ONG para proteger os golfinhos. Elogiei a iniciativa e sugeri que ela primeiro arrumasse a casa dela antes de querer arrumar a casa dos outros.

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Brasil e OCDE: avaliação da eficiência em sistemas da saúde.

Alexandre Marinho, Simone de Souza Cardoso e Vivian Vicente de Almeida

http://www.slideshare.net/Liliandvnet/brasil-e-ocde-avaliao-da-eficincia-em-sistemas-de-sade

Joao Rios
Enviado por Joao Rios em 24/02/2011
Código do texto: T2812366