Limpeza

Economize árvores. E papel para reciclagem. Não gaste o que pode faltar um dia em ar, perfumado, trazido pela natureza através das árvores. Essas, apesar de ser eucalipto, nenhum pássaro a lhe confortar com os seus gorjeios e trazer, para nós, essa alegria da música.
Voltando ao assunto principal. Esse, da limpeza. Pois é, um assunto, por incrível que pareça, escatológico. Vejamos.
Você acabou de sentir que algo não vai bem. Ou melhor, tem que sair. Mas tem mesmo. E o que estiver fazendo, desculpe, mas tenho que ir. Para onde, querido ou querida. No rosto aparece à aflição e ninguém mais pergunta. Se ouvir um risinho, talvez esteja em uma reunião social, não ponha a mão no estômago. Todo mundo vai saber que seria mais embaixo que deveria mexer, passar várias vezes para dizer, informar, que já vou fazer o que está me mandando. Já sei, já sei mesmo, estou indo.
- Querido, vou até a toalete.
- Querida, vou ao banheiro.
Pronto, viu só, simples. E agora a limpeza. Não, desculpe, ainda não, a sujeira primeira ou primeiro, não importa, ela não tem sexo a não ser de quem sai. E depois que o faz, continua na mesma. Sem sexo. Grande, pequeno, esverdeado, bem, chega, acabou de sair de uma festa e fica pensando nisso. E finalmente, de calcinha ou cueca arriada, nossa, depois de segundos pensando na vida, como ela é dolorida, fazendo força e obtendo êxito, ali está o motivo do assunto limpeza. E agora. O rolo de papel acenando. Não, não faça isso. Pense bem, multiplique por milhões de pessoas e de um metro e um metro e meio de papel – vou confidenciar - não eu, claro, mas muita, muita gente, dobra duas vezes – para evitar tocar, sequer, no que é de nosso produto, ou excesso de produto fabricado e oleado através de nossa máquina. Perfeita, em todos os sentidos. E que deve ser preservada, com perfume, da natureza, evitando tocar nas árvores. A não ser para sentir esse mesmo ar. Perfumado. Consagrado por milhares de anos, algumas das espécies. E a serra elétrica ou mecânica, à álcool ou gasolina, pode mandar partir para a fábrica de papel. Bonitinho, perfumado artificialmente. Voltemos ao assunto principal.
Você está na festa. Na sua bolsa, ou no paletó, social ou fraque, ou vestimenta que seja, um pano, aqueles pequenos, sabe, não sabe? Bem, vou dizer o tamanho, pronto. Felpudo, de algodão, que pode ser molhado simplesmente, pouco, deixando uma quantidade, metade, seca. Calma, não faça ainda o que está pensando.
Viu, deu a descarga. Ótimo, vá embora mesmo, malfeitor. Matador de árvores, algumas imensas. Voltemos. Então, tirando a tampa, colocando no local devido, sente-se novamente. Sinta o prazer da água escorrendo. Com a mão direita, se for destro, com a esquerda, se for canhoto – eu acho que isso não precisaria dizer – e o pano, esse estipulado, do seu lado direito ou esquerdo, lave, lave mais uma vez. Quer sensação melhor, pegar as partes, até as duas se achar melhor, com água, fresca, límpida, geladinha. Que prazer. Que quase orgasmo. Não, não é não, está gelada. Bem, lavou, limpou bem, secou com a própria mão – esquerda e direita, fique à vontade – e pronto. Não conseguiu, venceu. Não usou sequer dez centímetros do papel higiênico. Uma luta a favor da humanidade. E do perfume nela.
Mas, veja bem, não é uma regra não humanitária. E talvez, impositiva. É de livre uso. Afinal, tem gente que nunca ouviu falar em papel higiênico, só urtiga. E fica meio limpo do mesmo jeito. Sabe – agora a parte verdadeiramente escatológica, porque até agora foi aula de anatomia e suas conseqüências – fique sabendo que, muitos, muitos mesmo, sequer lavam a mão depois de todo esse uso, quer número um e esse, mais ainda, número dois. Um horror. Com o paninho, meio seco, esperar, depois que passar o meio molhado nas partes e enxugando. Dê uma cheirada - pouca, você é que sabe das conseqüências, tem vida nisso, muitos anos de vida nesse controle – se for ruim, jogue fora e fale para a dona da casa providenciar lavar e voltar a usar. Água quente resolve qualquer assunto. Ou – melhor ainda – você está de posse do inusitado saquinho plástico, impermeável, fechamento completo, zíper plástico, colocado de volta na bolsa ou no bolso do paletó. Pronto, pronto, olhe de lado, lave as mãos corretamente. E dê uma puxada na calça – homem – saia ou calça também, vocês senhoras decentes, e veja se não houve estrago nenhum. Seca, limpa e secura, para vocês, como todos os produtos para a sua melhor forma. E para vocês homens, mãos lavadas, perfumadas nos sabonetes, à sua frente, a anfitriã é corretíssima quanto a isso, volte para as suas lembranças, enfim, terminei. E agora na festa, aceitando o drinque. E dizendo, sem fazer cara feia.
- Que vida! Nada como os amigos. Todos nós, defensores da natureza.
Eles podem não saber do que você está falando, mas tenha coragem e, algum dia, fale para eles sobre esse seu gesto. Não use papel. Use a inteligência e um pouco mais de água. Limpa. Do vaso sanitário. Lavou. Secou. E bata, com orgulho, no bolso ou na bolsa, dizendo para si mesmo ou si mesma. Eu tenho o prazer de me livrar de algo, mas, maior ainda, o prazer de saber que o encaminhei corretamente. Vade. Limpeza.
Cilas Medi
Enviado por Cilas Medi em 12/02/2011
Reeditado em 13/03/2012
Código do texto: T2787297
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