Duas histórias curtas, mas reais

Outro dia, num domingo, ao sair do restaurante, estava ele ali na entrada. Via-se que a vida não lhe fora nada fácil. Seus olhos srealientavam sob a pele, de tanta magreza. Tudo indicava que nunca pôde se alimentar a contento. E demonstrava estar com fome. Era educado. Não adentrava para o interior do staurante, embora ninguém estivesse ali para impedi-lo. Ao me ver, sorriu. Balançou o rabo. Nunca tinha visto um cão tão alegre, fato difícil de acontecer em situação daquela. Perguntei-lhe o que estava fazendo ali. Queria comida, por certo. Quando já pensava em retroceder e pegar algo para ele, saiu uma senhora com marmitex e ele mais do que depressa a seguiu. Deve ter ganho algo, pois não voltou. Aquela as histórias curtas, mas reais

sensação de bem –estar pelo sorriso fugidio de um simples cão me acompanha até hoje. Aquela demonstração de alegria, de afeto, foi mais importante para mim do se partisse da Gisele Bundchien. Quando a melancolia bate às portas, lembro-me daquele sorriso e a tristeza dói menos.

Outra história curta, mas humana. história antes, daí a surpresa quando os vi juntos, reconciliados. Mas quando soube da sua moléstia

Numa recente romaria a Álvares Machado, encontrei antigo colega do Banco do Brasil, hoje ambos estamos aposentados. Fazia bom tempo que não nos víamos. Conversa vem, conversa vai, apresentou-me a sua mulher. Ainda era bem vistosa, apesar da idade. Você se lembra dela, não? Ela parecia bem distante, alheia ao nosso bate-papo. Somente sorria. Não estranhe. Ela sofre de Alzheimer há bom tempo. É como se fosse uma criança, sem passado, presente ou futuro. Tínhamos nos separado, depois de alguns conflitos conjugais, confidenciou-me. Já sabia dessa e que ela fora abandonada, passando privação, fui buscá-la. Você tem um coração gigante. Para mim até que foi confortador, respondeu-me. Trato-a como se fosse minha filha que nunca tive.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 07/02/2011
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