Disfarces

Expirava sua inspiração, o ar lhe era roubado com um suspiro, peso da alma regurgitando o coração, nada era como um dia fora, tinha consciência plena das conseqüências, mas quando elas finalmente se tornaram presentes deixou-se esvaziar, recebendo um golpe do qual nunca mais se recuperaria.

Diria como amigo conselheiro, “é a vida”, assim como ninguém escolhe pra viver, é também na eventualidade e causalidade que as coisas se davam trágica ou cômica, sob a tempestade que se dava, nada iria bem e todas as coisas lhe fariam verter lágrimas pesarosas no semblante, porém as águas passavam e mesmo que carregassem todos os seus bens e bem, restaria mesmo que solitária, a lua, deixando de ser expectadora para ser companhia.

Assistiria o gelo do copo derreter deixando o sabor diluir, implorando que todo pensamento se dissipasse de uma vez por todas, como uma ilusão de estar maduro e não possuir mais estas ansiedades. Todo gelo derrete, assim como todo coração está propenso ao sofrimento.

Sorria, como se distribuísse alegria, na pura hipocrisia de quem desafia o descontentamento, um jogo de disfarces. Para o público amável, o astro anônimo na tentativa preencher o vazio que a dose destilada não deixou partir.

Um aplauso não plausível, um abraço não dado, cenas repetidas e erros reincidentes.