Render-se?!

Quando estamos numa situação desagradável é comum procurarmos sair daquele momento, daquela incômoda posição que normalmente nos causa algum tipo de dor.

Mas o ser humano é único, é ímpar. Uns suportam melhor as pressões, ao passo que outros preferem agarrar-se aos troncos que são arrastados pelos caudalosos rios dos prazeres imediatos que iludem e atrofiam.

Nadar contra as forças que arrastam não é tarefa fácil para ninguém, mas para os pequenos de espíritos é algo insuperável, impossível e por isso não praticado ou executado com a semente da derrota já germinada nos recônditos de sua alma.

Uns se entregam a obesidade, outros se anulam em relacionamentos sem batimentos cardíacos, onde a frieza de outros interesses cadenciam essa marcha fúnebre. Há ainda os que se comprazem nos vícios. Todos esses quase sempre buscam atalhos que normalmente iludem os desejosos de sucesso, embebedados pelo elixir da impaciência.

Quando o espírito senhorear o corpo com as rédeas da inteligência, quando ele não mais sucumbir aos clamores pueris da carne, reconhecerá e assumirá sua força inata, compreenderá que ele é a parte intelectual da complexidade humana, daí por diante o desânimo, a desistência e o ato de entregar-se ao aniquilamento tornar-se-á escasso.

Muitos já estiveram acima do peso, já usaram drogas, já repetiram de série, já pensaram em suicídio... Mas fizeram desses momentos somente fases, ao passo que outros se tornaram glutões, alguns desistiram dos estudos, uns se tornaram escravos do doentio e incontrolável desejo de perder a consciência, de ausentar-se de si mesmos e há os que se acovardaram literalmente e adentraram pela enganosa porta do suicídio.

O momento é de superação, chega de aos primeiros açoites nós nos entregarmos aos atos e comportamentos que nos apequenam, que curvam nossas frontes para o solo, que faz nosso travesseiro nos humilhar em noites insones.

Por quanto tempo ainda persistiremos em pisar nas mesmas cascas de bananas que nos derrubaram ontem?

Quando tenho dor de cabeça recorro à ajuda do analgésico.

Quando lesiono o pé recorro à ajuda da muleta.

Quando minhas emoções estão desordenadas recorro à ajuda do terapeuta, da psicóloga ou do psicanalista. Por tanto essa é a chave para afastarmos nossos fantasmas: pedir ajuda a algo ou a alguém. Esse ato além de nos trazer socorro e amparo, ainda nos faz exercitar a humildade.

Que possamos romper de vez essa couraça de ego que nos impede de sermos felizes e que aprendamos a saborear os magníficos, vivificantes, engrandecedores e salutares aprendizados que a vida a todo o momento nos oferece.

Paz e luz.