Um texto só de vogais!

     A todos os lusófonos amantes da literatura e aos amantes de brincar com seu idioma em geral, apresento a seguir este texto, o único da língua portuguesa escrito só com vogais, e que contém ainda a maior frase da língua portuguesa escrita só com vogais. Após o texto há uma nota explicativa, pois muitas palavras não são de uso comum. Eis o texto:


     – Eia, iaiá!
     – Oi, ioiô! E aí?
     – Iaiá, ó a aiôuea aí.
     – É. Ao Aoí a aiôuea.
     – Aê, iaiá, o Aoí ia a Uauá, ao Oio, a Oiã, ou a Aião?
     – Ai, ai! O Aoí ia a Uauá, ô. O Aoá ia a Oiã e a Aião. Aoí é uaiuai e iaô, aí ia a Uauá, ué.
     – E a Aião?
     – O iaô uaiuai Aoí ia a Uauá e a Aião.
     – O Aoí é iaô, é?
     – É, uai. E Oiá é a aia.
     – É? Uau! E o Aoá?
     – Ui...! Aoá é auê.
     – Ei! E eu, Iaiá?
     – Uai! O ioiô é o ó!...
     – Ê, iaiá...!
     – Ê, ioiô...!



NOTAS:

GLOSSÁRIO:

Aiôuea: gênero de planta no Brasil
Aoí: nome bíblico (Cf. 1 Cron 11)
Uauá: município na Bahia
Oio: região na Guiné-Bissau
Oiã: região em Portugal
Aião: região em Portugal
Aoá: nome bíblico (Cf. 1 Cron 8 e 2 Samuel 23: 9)
Uaiuai: etnia indígena do Brasil
Iaô: em religiões afrobrasileiras, é o filho-de-santo já iniciado
Oiá: Orixá dos ventos e raios, também conhecida como Iansã
Aia: tutora
Auê: (gíria) confusão, bagunça
Ó: expressão popular do nordeste do Brasil, diminutiva de “Ó do Borogodó”, e expressa sentimento superlativo de uma qualidade.

VERSÃO COMPARATIVA:

     A princípio, o texto acima, só de vogais, pode parecer bastante estranho devido ao pouco uso e ao regionalismo de certas palavras. Mas permitam-me ainda escrever o mesmo texto, só que com palavras conhecidas. O leitor se certificará de que, após esta comparação, o apresentado texto de vogais fica perfeitamente inteligível. Eis uma versão que substitui as palavras acima usadas:


     – Eia, Maria!
     – Oi, João! E aí?
     – Maria, olha a hortelã aí.
     – É. Ao Pedro a hortelã.
     – Aê, Maria, o Pedro ia a Aracaju, à Paraíba, a Terezina, ou a Belém?
     – Ai, ai! O Pedro ia a Aracaju, ô. O José ia a Terezina e a Belém. Pedro é paraense e seminarista, aí ia a Terezina, ué.
     – E a Belém?
     – O seminarista paraense Pedro ia a Terezina e a Belém.
     – O Pedro é seminarista, é?
     – É, uai. E Santa Efigênia é a padroeira.
     – É? Uau! E o José?
     – Ui...! José é confusão.
     – Ei! E eu, Maria?
     – Uai! O João é o máximo da confusão!...
     – Ê, Maria...!
     – Ê, João...!
Vitor Pereira Jr
Enviado por Vitor Pereira Jr em 26/01/2011
Reeditado em 30/11/2020
Código do texto: T2752885
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