A medalha de bronze
Século XXI. Na linha do tempo, esse século deverá ficar assinalado como o marco zero da “era do conhecimento”, caracterizada pela imprescindibilidade do saber. Nesse sentido, temos presenciado o surgimento de uma onda gigantesca de cursos, os quais abrangem desde a mera alfabetização até as pós-graduações em nível superior. Que ótimo, poderíamos dizer! Todavia, a coisa não está sendo tão boa assim. Junto com essa multiplicação de centros de escolarização e de modalidades de aquisição do conhecimento, também está acontecendo a banalização do conjunto.
Conhecimento e diploma de escolarização estão sendo vistos como produtos de mesma grandeza, embora nem sempre um esteja relacionado com o outro. Em tempos remotos, a pessoa que possuía um diploma, realmente possuía um atestado a respeito do seu nível de conhecimento. Hoje em dia o diploma tem pouco significado, principalmente em decorrência da velocidade com que o conhecimento se torna obsoleto e ultrapassado.
Com a globalização da informação, principalmente através da internet, as pesquisas científicas nas mais diversas áreas foram incrementadas e hoje já não são mais feitas a duas mãos. Centenas de cabeças pensam sobre um mesmo assunto e, colocando suas idéias na grande rede www, permitem que outros possam contribuir para o avanço da pesquisa. O maior exemplo do que estamos falando foi o mapeamento do genoma humano, quando cientistas do mundo inteiro foram envolvidos no processo.
Por outro lado, se é verdadeiro que as descobertas hoje são muito mais aceleradas do que antigamente, também é verdade que elas perdem o seu caráter de atualidade com a mesma rapidez. Tais fatos requerem das pessoas de nossos tempos, uma dinâmica cada vez mais intensa na busca da atualização e da reformação de seus conhecimentos, sob pena delas se tornarem inúteis como cooperadoras do desenvolvimento da humanidade.
Ter o conhecimento hoje é uma questão de sobrevivência. A cada dia, dezenas de postos de trabalho são extintos, aumentando os índices de desemprego no mundo. Conhecimento é um poder inerente ao seu possuidor, o qual é colocado à disposição da organização para a qual trabalhamos. Se nossos conhecimentos estão atualizados à luz das mais recentes descobertas, nós somos interessantes para as organizações e aumentamos as nossas possibilidades de permanecer ativos no processo produtivo. Caso contrário, somos peças descartáveis e, fatalmente, seremos substituídos por outros que detenham os novos poderes da transformação.
Já foi o tempo em que ter um diploma era garantia de ser aproveitado no mercado de trabalho. A ferramenta de hoje é o conhecimento. Quem sabe mais, pode mais. Por isso não basta ter um diploma. É preciso que esse diploma seja sinônimo de novos e atualizados conhecimentos. Caso contrário esse documento não tem qualquer valor.
Ao concluir, queremos enfatizar a necessidade do conhecimento como questão de sobrevivência, ao tempo em que fazemos um alerta contra os milhares de fábricas de diplomas que estão espalhadas por todo o mundo e que estão seduzindo muitos incautos, tomando seu suado dinheiro e não oferecendo, em contrapartida, o necessário conhecimento. Nossa orientação é para que a pessoa não se matricule em nenhum curso e em nenhuma escola apenas pelo diploma, mas que se matricule pelo conhecimento. E se a escola ou o curso não puder oferecer-lhe isso, que se fuja dela. Que ninguém se deixe enganar. No mundo capitalista de nossos dias, só existe lugar para os “primeiros”. Até se admitem alguns “segundos”, mas com toda certeza, não existem vagas para “terceiros”. A medalha de bronze já não vale mais nada. É “ouro” ou prata. É tudo ou nada! Ou se conhece e se participa, ou se ignora e se está fora. Conhecer ou não conhecer, com certeza, “eis a questão”!