Feliz oportunidade nova

Estava eu no meio de uma enorme multidão, os fogos de artifício iluminavam e bombardeavam o céu noturno, às pessoas se cumprimentavam fraternalmente, brindando e se abraçando.

Quando dei por mim adentrava num túnel bem iluminado com inúmeras obras de arte decorando as paredes laterais.

Parecia ser um museu de arte, os quadros apresentavam imagens das mais comuns as mais inusitadas, mas todas pertencentes ao comportamento humano, coisas e momentos da vida foram retratadas naquelas telas que expressavam as mais diversificadas sensações e emoções da raça humana. Tanto as amargas quanto as açucaradas. Fatos e realidades condizentes aos homens estavam expostos ali, milhares de telas decoravam o quase infindável túnel que se apresentava de forma circular.

Lentamente eu caminhava – 60 segundos por minuto, 60 minutos por hora, 24 horas por dia - observando os cenários expostos em ambas as paredes. Aquelas imagens pareciam ser projetadas por minha mente que continuou apresentando momentos cotidianos como: um homem adoentado na cama, adolescentes brincando num jardim público, uma fila enorme na agencia bancária, um homem e uma mulher trocando olhares de cio, uma criança sentada na sala de aula, assaltos, salvamentos...

À medida que eu caminhava, percebia que os basculantes do túnel ora transmitiam a luminosidade do dia, ora se enegreciam com breu da escuridão e as imagens na parede continuavam a chamar a atenção dos meus olhos: Um jovem vendia jornal em meio ao caótico transito, imagens de guerra davam um colorido fosco noutra tela, mortes prematuras faziam olhos lacrimejarem de várias pessoas num velório, mais uma vez as lágrimas deduraram a emoção de alegria de um pai que assistia ao parto do seu primeiro filho, covardias, injustiças, solidariedade, compaixão...

A caminhada, apesar de lenta era circular e no devido tempo me levaria de volta de onde iniciei, parecia estar dividida em 4 estações, pois notei que por um determinado período de caminhada as pinturas apresentavam constantemente uma atmosfera bastante iluminada e calorosa, o sol parecia estar na última voltagem, as pessoas usavam poucas roupas, e frequentemente se banhavam no mar, em rios, piscinas e até em chafarizes. Passado esse período pude perceber através das imagens que o calor agora não era tão intenso, que as pessoas já não estavam tão desnudas. Daquele ponto em diante notei que o cenário passou a mostrar imagens de pessoas bem agasalhadas, cidades estavam cobertas com um enorme lençol de neve. Esse período de caminhada perdurou pelo tempo aproximado dos períodos anteriores, as pinturas agora mostravam bosques com árvores sem folhas, flores das mais variadas cores floresciam por todos os cantos e convidavam as mais coloridas e belas borboletas ao ambiente. Na quele período, as telas me mostraram que as florestas se banharam com as mais variadas tintas.

Concluí que todas aquelas imagens eram conhecidas, eu tinha conhecimento de suas existências. Umas eu vivenciara, outras tinha apenas conhecimento, outras eu sonhava em vivenciar e de muitas eu me esforçava para não experiênciar.

Não havia dúvidas, aquela galeria divulgava artisticamente os prazeres e os dissabores da vida. Uns sem números de emoções estavam ali naquelas telas que faziam o íntimo palpitar.

Sentimentos pertencentes ao ser humano dominavam as quase infindáveis paredes: alegrias, tristezas, frustrações, decepções, felicidades, sonhos, desejos, injustiças, honradez, caridade, insensibilidade, arrogância, dominação, submissão, libertação, opressão, conquistas...

Passado um longo período saboreando aquelas imagens, percebi que agora o calor se intensificava novamente nas telas, pois as imagens agora mostravam lindíssimas mulheres com curtíssimos biquínis, as praias agora estavam mais povoadas, os vendedores ambulantes sorriam e gritavam alegres enquanto enxugavam o suor do rosto e quando dei por mim, meus pés pisavam uma fofa e gostosa areia.

Desemboquei numa praia onde havia uma gigantesca festa, milhares de pessoas comemoravam algo com muita alegria até que soou meia noite, o céu iluminou-se com ensurdecedores bombardeios de fogos de artifícios que durou quase meia hora e quando dei por mim estava eu mais uma vez adentrando naquele gigantesco atelier da vida, antes porem questionei com um senhor que vinha logo depois de mim.

- já visitei esse museu ele é belíssimo, mas já o conheço! Não há nada de novo!

Até que um dos que vinham atrás comentou.

- Nós também já o conhecemos, mas pode acreditar, cada vez que vasculho suas dependências encontro algo novo, situações inversas das que enxerguei das outras vezes, afinal de contas as coisas só parecem ser iguais, elas sempre proporcionam emoções e sentimentos diferentes, nada é exatamente igual.

E apontando com o dedo indicador ele me mostro no lado de fora do museu, em meio a uma imensa multidão que se deleitava com os coloridos dos fogos de artifício uma frase que foi desenhada com letreiros luminosos no alto de um enorme edifício a beira mar “feliz ano novo”. E concluiu.

- As imagens que você viu estavam desordenadas, cabe a nós escolhe-las e ordena-las da forma que melhor nos convier.

Forte abraço e muita paz.