transição

Em algum lugar existiu um menino que não tinha medo de nada, que acordava todas as manhãs e se arriscava em diversas brincadeiras, que tentava subir em topo de arvores, que fazia manobras em seus patins, que brincava e brigava e sorria com os amigos na pracinha sem medo de ser feliz, que se escondia debaixo da mesa para sua avó não brigar com ele e seu irmão, que gostava de ler livros de poesia, como os da Cecília Meireles, e todas as sagas de Hercule Poirot em busca do assassino, escrito por Agatha Christie, que arregalava os olhos curiosos ouvindo as estórias macabras que a cidade mineirinha onde morava trazia em sua história e elas lhe deixavam os cabelos do braço arrepiados e o coração acelerado, que, por mais incrivel que pareça ser, tinha o sonho de ser fazendeiro e ter muitos filhos, que queria ser professor, um artista de TV, um ginasta, mas nunca um medico ou dentista, pois tinha pavor de agulha e da famosa broca barulhenta do dentista.

Esse menino, porém, um dia cresceu e muita coisa mudou, passou a ser mais reservado e seletivo, que para alguns e sinÔnimo de mitidez e orgulho, mas para ele é sinÔnimo de proteção e reguardo.

Aposentou os patins, mas ultimamente pensa em reaver a sua aposentadoria, continua a ler livros de Cecília Meireles, Agatha Christie e acrescentou a essa lista Luis Fernando Verissimo e mais alguns de economia e administração.

Não pensa mais em ter uma fazenda e filhos como uma coelha, passou a entender o trabalho valioso do médico e se adaptou ao famoso instrumento de trabalho do dentista e passou a sentir arrepios e o coração acelerar por causas de outras coisas e começou a sentir mais medo do que nunca.

Tem prazer no futuro que escolheu, nas responsabilidade que a incerteza traz, e paixão pela nova descoberta mais que obvia que o destino lhe trouxe: o ballet.

Todos tem uma missão na terra, o de aproveitar a vida; alguns a aproveitam junto ao rio olhando as correntezas, outros com o ouvido e o coração á musica, alguns são artistas, outros nadam, tem aqueles que preferem aproveitar o que é cÔmodo e se sentam, já outros sacodem a poeira e levantam, alguns conhecem e se deleitam em Shakespeare e outras vivem apenas em seu mundo, alguns se apaixonam incondicionalmente, outros racionalmente e há ainda aqueles que nem se apaixonam, alguns contagiam o ambinete com sua alegria e outros deixam os outros com um ponto de interrogação por suas personalidade excentricas, alguns deixam pessoas e momentos importantes na vida passarem e outros vão em direção a bola dribla um, dribla outro e fazem o GOOOOOOOOOL, algumas fazem teatro e outros dançam, com os pés firmes no chão.

Eduardo Magalhães
Enviado por Eduardo Magalhães em 24/12/2010
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