Rabiscos
Rabiscos
Às vezes eu acho que nada é de verdade, ou então a verdade não é nada mais que a minha imaginação tentando projetar um mundo, e esse tal mundo, ainda tenho dúvidas se é real.
Às vezes tenho a impressão de que as pessoas são de papel, aos poucos vão escrevendo a suas histórias, essas histórias as marcam permanentemente, o papel que um dia foi branco, fica cheio de rabiscos.
Minha historia começa chorando e definitivamente não sei como vai terminar, aliás, não sei o que eu vou fazer agora, hoje tem teatro às oito. Amanha, hoje e ontem fazem tão parte de mim que eu me perco e me encontro no tempo, e o tempo passa... ou então talvez nós que passamos por ele. Nem tive tempo pra prestar atenção nisso; essa coisa de tempo é tão relevante que quando nos damos conta, ele já não faz diferença nenhuma.
Rasuro meus versos, rascunho minha vida; apago os pontos finais, te peço perdão, te roubo um beijo, abraço meus amigos, bebo pra ser excêntrico, egoísta e egocêntrico, mas cumprimento todo mundo como se fosse dia de natal. Dramatizo, derrubo lágrimas de cetim e peço um desejo.
Felicidade pra que!?
As lágrimas tristes são tão parte de mim quanto o sorriso espontâneo, a chuva cai e mesmo assim o sol não deixa de existir, cada momento em sua essência me completa, desfaleço e renasço tudo sem prestar muita atenção, mas o tempo continua a passar.
Todo dia 2 de agosto não sei se me distancio ou me aproximo da infância, é nostálgico e melancólico saber que um dia tive a capacidade de ler o mundo com tanta pureza e facilidade, mas o papel fica cada vez mais rabiscado, vários esboços que não tenho vontade de passar a limpo. O perfeito me enoja, tanto quanto a hipocrisia; e a sua indiferença me enjoa.
Tenho medo de esquinas, medo não é pânico, tenho apenas medo, afinal são nas esquinas que os segredos estão guardados, isso intriga e fascina, foi por isso que eu te dei aquele beijo, aqueles olhares e os carinhos, também foi por isso que hoje sou seu amigo... e mesmo assim tenho medo, guarde isso como nosso segredo.
Quanto a pergunta...
Quem sou eu?
Sou os rabiscos naquela folha que era branca.
Sou apenas um rabisco...
Se você quiser vai me entender