A LÓGICA DO ARTISTA
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Uma noite dessas conversava com um amigo e não me lembro mais como a conversa recaiu em uma pergunta: qual a lógica do artista?
Ora pois, há muitos conceitos que responderiam a essa pergunta (você mesmo deve conhecer alguns), porém, um deles, escrito pelo poeta Ronald de Carvalho (1893 – 1935), me ficou na memória. Com sua licença e se for de seu interesse, gostaria que conhecesse o enunciado dele; quem sabe, também lhe agrade. Aqui vai tal qual:
"A arte é uma aspiração à liberdade. O que nós, poetas, músicos, pintores, escultores desejamos é criar o nosso ritmo pessoal, é transmitir a nossa harmonia interior. Cada um de nós é um instrumento por onde passa a corrente da vida. Não queremos regras nem admitimos preconceitos. Não nos atraem as teorias especiosas. A lógica do artista não cabe nas fronteiras de um teorema, a lógica do artista é um problema cujos dados mudam a cada instante, e cuja solução varia de momento a momento. Para empregar uma simples e admirável imagem de Nietzsche, dançamos acorrentados, dançamos sobre as coisas sem que a ela nos adaptemos, mas, ao reves, tirando do espetáculo do mundo a substância da criação. A obra de arte não repete, mas advinha e transforma a natureza. O artista é um transfigurador. Recebe a energia da vida e, em troca, lhe dá forma."
O que Ronald explica em prosa, exprimia poeticamente num epigrama:
Olha a vida primeiro, longamente, enternecidamente,
Como quem a quer adivinhar...
Olha a vida, rindo ou chorando, frente a frente,
Depois deixa o coração falar.
Para encerrarmos a conversa, a lógica do poeta Ribeiro Couto (1898 – 1963), neste fragmento de Um Homem na Multidão (1926):
Eu quero que tu gostes de mim, quero...
Mas não me peças nunca para que te leia poemas,
Cada vez que te obedeço e vou buscar poemas,
Começo a ler e te espantas logo... “— mas a métrica?”
E é preciso repetir toda uma explicação monótona.
Inté! ®Sérgio.
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Se você encontrar erros (inclusive de português), relate-me.
Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!