Não Há Depois

Não dá mais, não dá. Porque não. Você não merece que eu me desloque de onde moro até aqui. Porra, não tem mais confiança. Por que continuar insistindo no erro? Não vem com essa conversa de que eu não gosto mais de você. Sabe que gosto, sabe que se eu não gostasse sairia por aquela porta e não voltaria mais, desfilaria na sua frente no dia seguinte com outra pessoa. Mas o desgaste da convivência está nos matando. Ah, claro que isso faz diferença. Claro que quero namorar com você. Por que namorar? Oras, é sinal de que de alguma forma evoluímos a nossa relação e queremos dar continuidade nela. Não vou ficar pegando no seu pé. Mas pensando bem, esquece isso. Você não merece me ter como namorado. Porque não. Você sabe o por quê. Ah, merda, vou embora, cansei, cansei mesmo. Não, nem vou ficar, dá a chave. Porra, não tô afim, na moral. Amanhã a gente conversa com mais calma, pode ser? Não, meu, não insiste, não estou com cabeça agora, vou acabar sendo rude. Porra, caralho, pára de teimosia, puta que o pariu, me dá paz por um misero maldito dia! Eu não consigo raciocinar com você buzinando na minha cabeça o dia inteiro, caralho, se você não tem necessidade de um tempo pra você, é dependente, carente, incompetente até pra manter uma relação com você mesma, eu não sou, preciso disso... agora dá pra sair da porra da minha frente antes que eu fique sem ônibus pra voltar pra casa? Ah, agora faz cara de cu, fica nervosa, sabe que eu pedi com educação mas é toda santa puta maldita vez assim: só entende na base da paulada, do chute. Tá vendo porque não pode dar certo? Eu não gosto de ser assim e é de alguém assim que você precisa. Ah, merda, não foi isso que eu quis dizer. Mas é que... Fecha a porta. Sim, abraço. Tá, eu passo a noite aqui, eu espero, sim, pode pegar um copo d'água pra gente. Tem maconha? Acende aí e vamos conversar. Porra, eu te amo, caralho, qual é a dificuldade de entender isso? Tenho que ficar falando, falando, falando... Porra, isso é chato, não curto ficar falando. Estar aqui não basta? Deixa eu dar um tapa nessa merda. Comprou aonde? Ah, entendo. Gosto das suas pernas. Vem cá. Porra, não mexe assim, você sabe que eu não vou resistir. Desliga a televisão, quero te mostrar uma coisa. É, lá no quarto, sua safada. Ah, como é bom ficar assim com você, com a chuva caindo lá fora e essas paredes nos protegendo de tudo. Vamos dormir? Também te amo, linda. Boa noite.

Escalera - The Real McCoy

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 27/11/2010
Código do texto: T2639402
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