MAIO

Em maio, o sol estava brilhando diferente, estava além das cores. Neste caso, posso dizer: brilhando mágicamente. Uma chuva dourada,

parecia cair do meu céu durante o dia. Mas ao fim da tarde, o crepúsculo não terminava, parecia ouro em poeira no horizonte, e um brilho tão forte, mas um forte pálido. Mais tarde, nem a lua amarela passeando pra lá e pra cá entre as núvens de algodão se fazia notar diante daquele painel divinal. É. O sol não se punha. Em maio, pelo menos foi assim, e sem eu perceber chegou junho.Junho passou e veio julho. Mas julho jé é outra estória e também sem que eu percebesse, certa manhã de um domingo chuvoso, dia quatro pra ser exato, o brilho daquele céu, não estava mais lá, perdera o dourado ao fim de cada dia.

Em julho, apareceram as primeiras núvens carregadas e logo vieram outras. foram tantas, que não havia mais céu,ou melhor, não havia nem azul e nem dourado. Antes, soprava uma brisa sinuosa e refrescante. Agora, um vento confuso e amaeaçador. O mês de agosto se aproximava rápidamente e de repente, o medo, a busca, o abrigo. Vai chover além dos canivetes, vem aí uma tormenta.

Neste mês de agosto, mês aziago, dizem, o panorama do tempo está equivocado. Estamos no inverno é certo mas, aqui por estas bandas do centro Oeste é tempo de sol escaldante e uma torturante sêca. Enfim, que se passa? Lá fora, um sol de ferro em brasa, cruel e implacável durante as horas do dia, mas a noite faz frio. Que lua está? È lua nova, ou é lua cheia? Não importa. Cá dentro, está caido o maior toró de minha estória. Minha Santa Bárbara Iansâ me acuda! Me devolva meu céu dourado, e as flores tão bonitas do meu campo, a brisa minha amiga. devolva-me o sorriso do lábios de rubí e o brilho verde dos olhos da minha amada...

No furror da tempestade, as bruxas más, estão torturantes além de soltas,sorriem gargalhadas frenéticas, e do meu céu agora raios tentam me atingir. Me defendo, me recolho e entro literalmente em pânico. Então, lá no fuindo do meu ser , uma voz quase inaudível, um sussurro mesmo, tenta em acalmar dizendo: Tenha fé, controle-se! Você é um guerreiro solitário, e um guerreiro nunca pérde a sua fé. Mas, eu estou é com um medo filho da puta além de revoltado, e mesmo assim tento desafiar os deuses e seus elementos e grito: Não rezo mais! Vamos lá. acabem com isso! Acabem comigo! De mais nada serve viver sem minha fada loira. Cadê ela? Onde repousa seu coração agora, como está sua carinha de dengo e seu geito de menina?

Não. Não está em lugar algum, não a vejo. O que vejo é algo parecido com ela, parece outra, parece uma bruxa feia e perigosa. De repente, parou de chover dentro de mim...

Ah! setembro vem aí, e quando setembro chegar, um enorme Arco-Iris vai surgir no meu céu. As cores ,vão brilhar com mais intensidade e a mão de Deus suja de tinta vai borrar o meu painel. Mas, não faz mal. Aí, milhares de flores, centenas de pássaros multicores, borboletas azuis, cobras, pequenos sapos, insetos adoidados, todos irmãos deliciando-se de uma água limpinha escorrendo após uma chuva fresca e mansa, tanto nas encostas, quanto nos meio fios. É o Equinócio de minha Primavera. E, no meu coração, agradeço à Santa Bárbara pela grandeza deste encanto e pela belíssima estação. Isto é como se a Natureza iniciasse o "allegro" dessa magistral Sinfonia da vida! Glória!!

Álvaro Francisco Frazão.