Martin I
Ele seca o suor da testa.
Nada mudou. A estrada continua a mesma. Sem fim.
Iluminado e aquecido pelo sol, o asfalto por onde caminha, esta em seu coração.
Faz quanto tempo que ele caminha? Nem lembra..
A sua mochila o acompanha , tão silenciosa quanto ele, tão vazia quanto ele.
Lembra às vezes de sua mãe. O cheiro da sua comida . Seu olhar pedinte.
Não lembra de seu pai. Apenas imagina como deve ser, ter um.
Seus pés já não aquentam seu peso. Desejam sossego e paz.
Ele olha tudo ao redor. Será que se arrepende , se odeia ou se ama?
Suas roupas são panos velhos , que refletem o estado desse homem .
Ele vê longe. Uma arvore.O constraste que sua sombra faz com a estrada é algo como água e óleo.
Caminha rápido para sentar- se nas pedras postas na base dessa arvore.
Passa as mãos pelos cabelos mais castanhos que negros . Seus dedos trancam em seus cabelos emaranhados.
Pega a garrafa amassada e quase vazia de água. Senta-se. Tudo ao redor lhe da sede.
Esta tudo húmido, a grama , as pedras. Ele olha para o lado, e vê um pequeno regato.
Não o tinha visto de longe, seu olhar nunca havia o enganado..
Parece que toda essa situação, esse lugar, foi tudo cuidadosamente planejado para ele.
Ele pensa . Talvez tudo foi feito para ele.
A dor. O riso. A conversa . A solidão . O conforto e o suor.
Ele realmente sabe que tudo que fez o trouxe até esse pequeno paraíso verde no meio de uma estrada deserta, coberta pelo sol.
Pergunta pra si mesmo de onde vem essa sombra.
Ele recosta-se no tronco da arvore...
Fecha os olhos...