ATÉ NUNCA MAIS, MARCELO! = EC

Quando o Brasil aderiu á segunda guerra mundial, minha futura sogra ficou apavorada com a possibilidade de o filho ser convocado.

Estávamos com o casamento marcado, envolvidos nos preparativos da festa, pensando na cerimonia, planejando a viagem e sonhando com a lua de mel. Não queríamos nem pensar na guerra.

- É melhor vocês adiarem o casamento...

-Nem pensar! Está tudo encaminhado, já distribuímos até os convites.

Mas, naquela tarde, o irmão mais novo de Marcelo chegou á minha casa ofegante.

- O Marcelo foi convocado! Ele vai á guerra!

Disse e começou a chorar.

Minha mãe trouxe um copo com água pra ele enquanto eu saia correndo, rumo´a casa do Marcelo.

Abraçamo-nos em silêncio enquanto a mãe chorava desesperadamente.

O pai tentava aparentar uma calma que não tinha:

- Também não é o fim do Mundo, logo a guerra acaba e Marcelo volta cheio de histórias para contar.

Foram dias de angústia até que chegou a hora da despedida

Ele ainda tentou brincar:

- Vou voltar com a vitória do Brasil, vocês vão ver!

Furiosa gritei sem pensar:

- Quero que o Brasil se dane.

Quando nos despedimos ele disse ao meu ouvido:

- Não chore, meu anjo! Eu vou voltar.

Mas eu senti que não seria assim. Aquelas foram as últimas palavras que ouvi dele.

Soubemos de sua morte por um comunicado oficial, frio. lacônico.

Ele é um entre os muitos que ocuparam uma vala comum.

E eu, uma das muitas que perderam o que de mais caro possuíam por conta dessa estupida guerra.

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Este texto faz parte do Exercício Criativo –Eu disse adeus

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