DESTILO ESTILOS - TIROS

Crônica que se preze é assim mesmo, fala de tudo, não fala de nada, de ninguém, é uma santa. Literatura é assim mesmo, vive algo agora que pode se transformar em outra coisa amanhã, depois de amanhã, nunca.

As letras, tipos, palavras, sons, significados, expressam uma vontade aleatória de dizer alguma coisa, para alguém, sentimental, para muitos, eloquente, para poucos, para ninguém.

O texto a seguir não segue regra nenhuma, nenhum padrão conhecido, nem sou eu quem está escrevendo, lendo, ouvindo, jogando conversa fora, garimpando palavras soltas no ar, por enquanto.

Debochado, escrachado, culpado, perdido, louco por natureza, continuo martirizando meu destino, sacrificando meus dias, lamentando estar aqui e não lá, onde não posso.

É assim mesmo, mesmo assim, é, vou falar, gritar, quero dizer, não vou dizer, vou repetir, copiar, plagiar, "vocês vão ter que me engolir", vou comer todo mundo, antropofagicamente esperneando, soltando o verbo, libertando o caos de minha insignificância, não sou nada disto não, nem daquilo.

Desdobrado, o texto não tem sentido, nenhum dos sentidos, não ouve, nada, não fala, nada, nada, nada.

Mudei de assunto, o ar também mudou, tudo muda a todo instante. Palavras e palavrões, vozes e vozeirões. Raios e trovões. O céu está caindo, despencando, desabando sobre minha cabeça, de vento.

Não aparento ser o que sou. Não sou nada disto que você está pensando neste exato momento, nem antes nem depois, depois não digam que não avisei, nem mais nem menos, nem maior nem menor, nem ponto nem vírgula, não pode não?

Não sou deste mundo, já disse, nem daquele. Muito menos daquele outro, paralelo, inverso da realidade, o unverso é um verso só, monossilábico.

Estou pegando fogo! Com as mãos, literalmente, com os pés.

O céu não é o que parece ser, ele desaba, de vez em quando, que nem eu, tampouco, não ouço seus gritos, trovoadas, tiros e salve-se quem puder.

Esta crônica não disse a que veio, alhures, restou o final, feliz, diante de tudo, nada, não vou te engolir, e ponto final.

florencio mendonça
Enviado por florencio mendonça em 25/10/2010
Reeditado em 26/10/2010
Código do texto: T2577827
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