Fim de tarde

Aos poucos a casa silencia. Tudo vai retomando o ritmo mais lento, que antecipa a chegada da noite. Não mais a correria, nem barulho, nem o entra e sai das pessoas que amamos e que exigem nossa atenção constantemente. O telefone deixa de tocar.

Embora este movimento de vida seja agradável, o silêncio vem me acolher, amenizando o cansaço.

Tudo a minha volta encontra-se impregnado pelo perfume de amizade, carinho e amor, provocando-me uma sensação de bem estar e de ligeira nostalgia.

Uma das coisas que mais aprecio é encerrar meu dia na companhia de boa música.

O som da melodia convida-me a soltar as rédeas da imaginação; desligando-me do que, habitualmente, ocupa meu sentido. Vou aos poucos me distanciando da rotina e suas solicitações. Atendendo ao apelo insistente da emoção.

Ah! Uma aventura deliciosamente suave, encantadora e irresistível. Meu espírito passeia livre, sem limites. Por um tempo, que não tem medida, vaga pelo espaço que conquista, ao se livrar das fronteiras do cotidiano.

Por um momento perco o contato com a realidade, como se atravessasse uma brecha do tempo e do espaço, e adentrasse uma fatia do vácuo que mora na eternidade.

Não tenho medo, nenhum receio me acompanha nesta aventura, apenas a serenidade, a expectativa e a enorme vontade de ousar e prosseguir a fim de desvendar todo mistério que se oculta na imensidão do infinito.

Espiando pela janela presencio a despedida do dia, que vai saudando a noite retirando-se suavemente, como se também ele estivesse desejoso de descanso.

O momento em que a noite se estabelece todo o Planeta rende-se ao seu encanto, em reverente saudação, como se fosse a rainha que associamos a nossa mente. Incita o pulsar da emoção, dos sonhos, da fantasia, dos aspectos mais sutis de nossa existência. Assim como ao dia saudamos como símbolo de nosso discernimento. Luz, vigília, razão!

O barulho da porta da frente se abrindo, toma-me de sobressalto, tão distraída me encontro. Rapidamente vou ajeitando a escrivaninha, desligando o micro e fechando a janela.

É hora de providenciar o jantar.

Priscila de Loureiro Coelho

Consultora de Desenvolvimento de Pessoas

Priscila de Loureiro Coelho
Enviado por Priscila de Loureiro Coelho em 17/06/2005
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