MEU LIXO

               Uma coisa que me tira do sério é lixo jogado no meio da rua. Em terrenos baldios. Lixo fora do lixo. Como dona de casa procuro manter o muro, ou quintal, e a frente da casa sempre limpas. O muro é fácil. Depende apenas de mim. A frente é outra história. Se retiro as folhas, jogo fora o lixo que se acumula em minha porta e o vizinho não faz o mesmo o seu lixo termina vindo para minha calçada. 


               Algumas vezes, cansada de limpar só meu “terreiro”, dou uma limpada nos dos vizinhos. Claro que recebo alguns olhares “enviesados”. Alguns sorrisos irônicos, mas, de vassoura, par e sacola nas mãos vou colhendo folhas, embalagens plásticas, caixas de papel e o que mais aparecer. 


               Não adianta limpar apenas meu espaço. Sozinha nunca conseguirei manter minha calçada limpa. Se para isso preciso limpar todo o entorno, arregaço as mangas, só não posso aliar-me a sujeira. Desistir significa, de forma indireta, contribuir com aquilo que me incomoda, que combato e condeno. Eu posso não conseguir mudar o modo de pensar e agir de outras pessoas, mas não permitirei que elas me contaminem com seus lixos. 


               Sei que nunca conseguirei limpar todo lixo acumulado ao longo do tempo, mas nunca deixarei de jogar meu lixo no lixo, pois se não consigo limpar o mundo também não permitirei que ele jogue mais sujeira em minha “vida”. 


               Continuarei atenta aos meus lixos, as sujeiras que faço. Tentarei sujar cada vez menos. Limpar cada vez mais. Quero ser mais limpa, mais humana, mais gente, mais feliz, sempre!



Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 11/08/2010
Reeditado em 11/08/2010
Código do texto: T2431164
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