AURORA DE MINHA TERRA

VISÃO POÉTICA

A aurora na minha terra é um espetáculo de rara beleza. Nuance que me enchem os olhos trazendo belas lembranças do tempo de minha infância.

Dia destes ao caminhar pela manhã bem antes do sol nascer, uma esplendida visão poética encheu-me os olhos. Naquele momento quisera eu, ser um poeta de verdade, ao contemplar aquela paisagem digna para um verdadeiro poeta.

Acima do horizonte na divisória do infinito, bem na sua franja, alongados rabiscos se misturavam. Pequenos cúmulos estratos e cirros banhados de ouro pelo alvor do sol num colorido primário em contraste com as silhuetas de arvores centenárias salpicando aqui e ali na distante paisagem. Verdes pastos mesclados pela branca neblina que parecia brotar das fendas da terra formando pequenas mechas que aos poucos se espalhavam como mantos esbranquiçados sobre as ondulações geográficas do cenário. A lua bailava meio sem graça na sua gradativa perda de brilho para o sol, que se aproximava sorrateiro prometendo espantar a nevoa, ao deitar seus raios enxugando o úmido sereno que o beijo da natureza depositou na face da terra.

Em pouco tempo vieram os passarinhos, que desciam aos bandos pelo vale vindos de seus distantes refúgios nas partes mais elevadas nos cerrados e capoeiras. Gorjeando alegremente na diversidade de seus acordes buscando sua rica alimentação nas áreas mais férteis banhadas pelo rio Picão. Com eles chegaram às lembranças de um garoto correndo descalço com seus cabelos desalinhados. Descontraído sem nenhum compromisso com a vida, identificando os rastros desenhados na poeira das trilhas pelas manhãs geladas a caminho da escola ou trabalho.

Uma página da vida vivenciada na simplicidade e na desinformação do sertanejo. Com toda tranqüilidade respirando o ar puro filtrado pela natureza. Dormido na palha do milho. Protegido pelo respeito imperado no caráter humano. Diplomado pela conduta e pela boa formação familiar, base fundamental de uma sociedade sadia capaz promover a tão sonhada paz universal. Valores que a principio desvirtuavam gradativamente, e que atualmente vão se perdendo neste avanço tecnológico famigerado que devora conceitos e princípios, nesta ânsia louca de globalização universal.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 30/07/2010
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