Sem Internet
Já me descabelei, já disse uns desaforos para a menina da operadora que teve o azar de me atender. Agora, é esperar a Internet voltar.
Decido aproveitar este tempo livre para dar uma volta com a cachorrada. Vou ao closet para trocar de roupa e observo que a bagunça grassa por lá e desgraça meu armário. Resolvo começar uma arrumação. Desço em direção à garagem em busca de uma caixa para acomodar as peças que não uso mais. Da escada, já vejo o quanto o aquário está sujo. Vinha adiando a limpeza há algumas semanas por causa do frio, mas como está uma tarde morna, acho que vou aproveitar. Saio para o quintal à procura de uma mangueira que me permita sifonar o fundo cheio de lodo e passo perto da minha horta-deserto-do-saara. Que desolação... Pergunto ao jardineiro o que falta para transformar aquele solo árido num fértil berço de salada orgânica. Ele me lembra que há alguns meses vem me pedindo para comprar adubo e sementes. Volto à cozinha para telefonar à floricultura e encomendar os insumos. Ao lado do aparelho, a enorme lista de compras. Nossa! Não temos nada em casa!! Mais um dia assim e passaremos fome!! Melhor sair para o supermercado. Subo ao quarto para pegar minha bolsa e trocar os chinelos. Passando ao lado do computador, ouço o alerta de mensagens do bate-papo do Gmail! Não acredito!!! A Internet voltou!!!
Ainda bem... Não agüentava mais ficar sem fazer nada.
* Texto levemente inspirado no excelente "But First Syndrome" (AD).
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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Enquanto a Internet Não Vem
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