Um tipo especial de riqueza

Já escrevi em uma outra crônica sobre a pesquisa censitária do IBGE; o problema- o abismo - da riqueza e pobreza neste país. O recenseador se depara com situações diferentes, dependendo da localidade onde está sendo pesquisada. Lugares ricos e lugares pobres. Os contrates que conhecemos muito bem e que foi descrito na crônica anterior. Porém, houve uma situação que me marcou bastante, fazendo eu mudar os meus conceitos morais e espirituais. Após, eu ter concluído o trabalho na área urbana, fui para a zona rural. Percorria quilômetros de canaviais por caminhos estreitos e longos, que parecia não ter fim. Encontrei um domicílio, com poucos metros entre a residência e a plantação daquele tipo de lavoura predominante ali. Também, havia muita pobreza. A casa de taipa. Uma mistura de barro com a madeira fina. A família, muito simpática, recebeu-me bem, com muita alegria. E conversamos. Falamos das dificuldades do cotidiano. Na possibilidade de uma melhora. Comentamos que as autoridades, de posses daqueles dados, poderiam olhar com sensibilidade aqueles problemas e levar assistência àquela gente esquecida, até então, dos poderes públicos. Porém, como eu já havia afirmado, sobre a particularidade daquele pessoal simples, foi a fé, que se evidenciava de uma forma simples, e conseguia explicar as desvantagens da vida. E naquele instante de tão pouco tempo , senti como a esperança fortalece e torna o ser humano mais disciplinado e feliz. Conheciam bem a bíblia, e o término do preenchimento do questionário, começaram a lê-la. Cada um dos membros da família recitava um versículo, um salmo. Eu, com respeito e atenção, ouvia aquelas vozes que com muita inspiração transmitia para mim, fé e esperança. E na minha saída, demos as mãos e recitamos o salmo 91. É, realmente, foi muito interessante, ter conhecido a riqueza espiritual que aquela gente possuía.

Soleno Rodrigues
Enviado por Soleno Rodrigues em 16/06/2010
Reeditado em 04/04/2017
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