As Copas que Perdemos

Estamos mais uma vez próximos ao início de uma Copa do Mundo (África do Sul). Nosso técnico é o Dunga e talvez, no meu modo de ver, tenha errado na convocação de algum jogador, como o goleiro Doni (que é reserva na Roma) e poderia ter chamado o goleiro Felipe do Corinthians. E como não dispomos de um lateral esquerdo de grande evidencia tanto no Brasil quanto na Europa, Dunga poderia ter chamado o Roberto Carlos, também do Corinthians, jogador de grande experiência, embora já com algumas falhas na seleção. Hoje ele é o melhor lateral esquerdo em atividade no mercado.

O Dunga, perto de outros treinadores como Luiz Vinhais, Pindaro de Carvalho, Ademar Pimenta, Flávio costa, Zezé Moreira, Parreira e outros, tem mais critério na escolha de jogadores para a seleção, se não vejamos:

Na Copa do Mundo de 1930, no Uruguai, a seleção foi formada por jogadores do Rio de Janeiro: Joel, Brilhante e Itália; Hermógenes, Fausto e Fernando Giudiceli; Poli, Nilo, Carvalho Leite, Preguinho e Teófilo. Já perdeu na primeira e decisiva partida por 2 x 1 para a Iugoslávia. Como só o vencedor do grupo avançava, a vitória de 4 x 0 contra a Bolivia de nada adiantou. O treinador de nossa seleção era o ex-zagueiro da Seleção Brasileira Píndaro de Carvalho e todos os jogadores eram dos clubes do Rio, a exceção de Arakém Patuska que estava sem contrato com o Santos F C.

Copa de 1934, na Itália. O nosso treinador foi Luiz Vinhais. O time formava com Pedrosa, Sílvio Hofmann e Luiz Luz; Tinoco, Martim e Canali; Luizinho, Valdemar de Brito, Armandinho, Leônidas e Patesko. Nesta época estavam de briga a Liga Paulista e a Federação carioca, e só foram convocados, de São Paulo, Luizinho, do Palestra Itália, Valdemar de Brito e Armandinho, do São Paulo da Floresta, que estavam sem contrato com os seus clubes de origem.

Copa de 1938, na França. O técnico era o senhor Ademar Pimenta. O time A era formado por Batatais, Domingos e Machado; Zezé Procópio, Martim e Afonsinho; Lopes, Romeu, Leônidas, Perácio e Hércules. O time B formava com Válter, Jaú e Nariz; Brito, Brandão e Argemiro; Roberto, Luizinho, Niginho, Tim e Patesko. Niginho jogava no Bolonha da Itália e pelo regulamento da disputa não poderia defender o Brasil. E o senhor Ademar Pimenta desconhecia esse fato. E também não convocou os dois melhores centroavantes do Brasil, depois de Leônidas que eram Carvalho Leite, artilheiro do campeonato carioca daquele ano pelo Botafogo e Teleco, artilheiro dos certames paulistas de 1936-37 e 38 pelo Corinthians. Conclusão: contra a Itália, na semifinal da Copa, não tínhamos um centroavante nato e o senhor Ademar escalou Luizinho, que era ponta direita do Palestra Itália. Perdemos para a Itália por 2 x 1 por falta de um centroavante. Se tivéssemos passado pelos Italianos poderíamos ter sido campeões mundiais em 1938.

A segunda Grande Guerra paralisou os certames mundiais. Somente após 12 anos da Copa da França, em 1950, a Copa do Mundo estava de volta, e agora no Brasil. O futebol brasileiro dispunha de um enorme plantel de grandes jogadores e, com revelações já testadas em seus clubes como Mauro Ramos de Oliveira, do São Paulo, o melhor zagueiro central do Brasil na época, Djalma Santos e Simão, ambos da Portuguesa de Desportos, que já vinham desfilando suas categorias pelos gramados brasileiros. Nilton Santos era o jogador mais aplaudido no Botafogo. Sem dúvida o melhor lateral esquerdo, talvez de todos os tempos, do futebol brasileiro. Porém, a nossa seleção tinha o senhor Flávio Costa como treinador.

Para facilitara a nossa preparação para o Mundial, o Campeonato sul americano de 1949 foi no Brasil. A maior parte das partidas foi no Rio de Janeiro e algumas em São Paulo.

Mas o bairrismo do senhor Flávio Costa, treinador do Vasco da Gama, não chamou Djalma Santos. Nilton Santos e Mauro ramos de Oliveira jogaram apenas algumas partidas. Somente Simão foi titular em todas as partidas. Dado o poderio de nosso ataque o Brasil marcou 46 gols e sofreu apenas 7. Um sul americano sem a Argentina e com o Uruguai representado por uma seleção de novos. O Brasil foi o campeão, mas quando apenas o empate bastava contra o Paraguai, perdemos por 2 x 1, o que obrigou uma nova partida quando o Brasil arrasou os paraguaios por 7 x 0. Parecia uma antevisão do que aconteceria na Copa de 1950. Nesse sul americano o Brasil formou com Barbosa, Augusto e Mauro; Eli, Danilo e Noronha; Tesourinha, Zizinho, Ademir, Jair Rosa Pinto e Simão.

Então veio a IV Copa do Mundo, em 1950. O senhor Flávio Costa não aprendeu a lição e começamos jogando com Barbosa, Augusto e Juvenal; Eli, Danilo e Bigode; Maneca, Zizinho, Ademir, Jair Rosa Pinto e Chico. O nosso treinador bairrista não aproveitou Djalma Santos, Nilton Santos, Mauro Ramos de Oliveira e Simão, todos melhores do que Augusto, Juvenal, Bigode e Chico, respectivamente. Mesmo assim, chegamos à final só precisávamos de um empate mas perdemos para a envelhecida seleção do Uruguai, por 2 x 1, graças à teimosia do senhor Flávio Costa. Assim, deixamos de ser campeões do mundo, em casa.

A seleção uruguaia era composta de jogadores veteranos mas que ainda jogavam um bom futebol, e de novos como Ghiggia, Miguez e Schiafino. O Uruguai ganhou, como se diz, na raça, com Máspoli, Matias Gonzáles e Tejera; Gambeta, Obdulio Varella e Rodrigues Andrade; Ghiggia, Julio Perez, Miguez, Schiafino e Moran.

Ai veio a Copa de 1954, na Suíça, e entregamos a seleção ao correto Zezé Moreira, que também fez suas lambanças e não quis formar uma imbatível seleção. Não quis levar Zizinho, Ademir e Jair Rosa Pinto, ainda os melhores nas suas posições.na opinião de grandes cronistas, Zizinho foi o melhor jogador do Brasil até a era Pelé. Ademir era um grande goleador e Jair Rosa Pinto talvez o melhor meia esquerda até a chegada de Pelé.

Em 1954, na Suíca, poderíamos ter formado com Castilho, Djalma Santos e Pinheiro; Bauer, Brandãozinho e Nilton Santos; Julio Botelho, Zizinho, Ademir, Jair Rosa Pinto e Rodrigues. Da Copa de 1950, o senhor Moreira chamou apenas Bauer. Os demais foram crucificados pela derrota contra o Uruguai. Mas na Suíça ele adotou a retranca, a mesma usada por ele nas Laranjeiras, no seu Fluminense e começou a Copa com Castilho no gol, Djalma Santos e Nilton Santos nas laterais, Bauer, Pinheiro e Brandãozinho, e a linha ofensiva tinha Julinho Botelho, Didi, Baltazar, Pinga e Rodrigues. Este time venceu o México por 5 x 0 e empatou em 1 x 1 com a Iugoslávia. Estávamos classificados para a próxima fase, quando enfrentaríamos a Hungria, a favorita da Copa.

Para essa partida o senhor Zezé mexeu no time e tirou Baltazar, Pinga e Rodrigues. Conclusão: quando os brasileiros foram por o pé na bola, aos 10 minutos do primeiro tempo, o placar já mostrava 2 x 0 para os húngaros. No final perderíamos por 4 x 2 e deixamos o mundial. No ataque, o senhor Zezé Moreira colocou índio, Humberto e Maurinho para surpreender os húngaros que era a seleção considerada mais rápida e técnica da Copa.

Então, chegamos a conclusão de que o Dunga pode não estar agradando a todos, mas outros já fizeram coisas piores com o futebol brasileiro. Só o futuro poderá julgá-lo.

Laércio
Enviado por Laércio em 07/06/2010
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