SÓ, SÓ, SÓ

Sou, só, na multidão, mais um ser entre os bilhões que habitam nosso planeta, enquanto isso, por força das conveniências, mutante, extraterrestre, manipulo minhas idéias e ideais, nos momentos mais cruciais, indefinido, possuo meu próprio corpo, minha própria mente, como num filme de ficção, invado cérebros, invento distorções musicais no meio do dia, no meio do rio e da noite, consigo conviver entre os vários mundos paralelos que se encontram no infinito enquanto a luz e a escuridão se divertem, inventando horas e minutos, segundos preciosos nesta corrida contra o tempo, que não existe, relativo, ativo, pensante, questiono o nada, o micro e o macro cosmo não vistos a olho nú, eu, sozinho, inho, busco forças para continuar lá no início do parágrafo, língua morta, latindo.

Cada palavra, sem tradução, invade o texto, sem significância, línguas mortas querendo ressuscitar, verbos revoltados, rebeldes, anos difíceis, juventude ambígua, letra morta, muitos mortos, e feridos, se salvaram quase poucos, não sei ao certo, nem ao errado, congestionados, os sentidos não emitem mais aquela sensação de alegria que encantou gerações, e depois foi esquecida, a música, a irreverência, a liberdade. Um sonho com um preço muito alto, alto demais para ser pago por um cidadão comum tão só, alguém que nem sabe de que lado veio, se é do norte ou se é do sul.

Dimensões à parte, questionamentos, diferenças, etnias, domínio e poder, o planeta é, foi e sempre será o palco de nossas aventuras, terríveis ou não, forçam o planeta a nos expelir daqui, viajantes solitários no espaço perdidos, seremos expulsos do paraíso, não teremos mais nossa morada neste belo exemplar de planeta neste sistema, solar, só, sem um lar, habito no absoluto, cheguei, já estou partindo, de novo, uma nova aventura? Onde iremos abarcar com nossas máquinas modernas agora? Qual paisagem - ainda - temos para colocar a nossa bandeira dos conquistadores?

Cosmologicamente falando, microfoniando, grito, reafirmo sem pestanejar, o tamanho do universo é o meu mundo, que nunca imagino conhecer, na totalidade de imaginações possíveis e impossíveis, cada palavra não tem, neste caso, o seu significado, vou trocando as letras por letras iguais ou diferentes, indiferentes, formando um emaranhado de frases ou fases indefinidas nesta singular definição, nesta indefinida resolução, afinal, sou ou não sou, estou ou não estou, eis a questão. Só.

Cada dia e cada noite, cada letra e cada palavra, nestes parágrafos já esticados, nesta novela de fim de tarde, enredo que não emplaca, texto que não desenrola, não se explica, não chega nos finalmentes, até onde irei, me pergunto. Termino sem responder. SEM RESPOSTAS. SÓ.

florencio mendonça
Enviado por florencio mendonça em 20/05/2010
Reeditado em 03/12/2013
Código do texto: T2268410
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