COVARDIA

COVARDIA

“Afinal de contas

não tem cabimento

entregar o jogo

no primeiro tempo...”

Na vida existe todo tipo de pessoas e coisas. Óbvio, não? Mas esta obviedade é para introduzir um assunto que me incomoda: o oportunismo. Parece algo simples, mas eu não me conformo com isto. Ataca-me sobremaneira. Sei que pode parecer radicalismo, e é, mas tenho motivos para tal. Vivo sobressaltado, pois há oportunistas de plantão, eternamente à espreita, e, se me incomodam, tenho que evitá-los(as). Como diz o Banco Itaú, “o inesperado não manda aviso prévio”. Mas como, se oportunidades de se intrometerem não lhes faltam? Será que só rezar é o suficiente? Ou melhor, é o que me resta?

Covardia. Assim me soa. Não têm coragem, nem força, para se manifestarem por condições próprias, e se agarram a chances que se lhes surgem, criadas aleatoriamente, por outrem. Se são tão fortes, e poderosas – e o pior é que o são -, por que usar da fraqueza alheia? Atacar alguém que se encontra indefeso, debilitado é mais que crueldade. Não podem merecer o menor respeito, embora não se deva ignorá-los(as).

O pior de tudo é que as pessoas, se bem não se encontrem inocentes, nem sempre conseguem se defender de tais inconvenientes, exatamente pela sua quase total imprevisibilidade, por viverem sempre no ataque e no contra-ataque. É preciso usar do mesmo esquema para anulá-los(as): atacar sempre. Mas como? Enquanto não deciframos isso, vivemos na defesa e, assim, a qualquer descuido, levaremos um gol – até mesmo contra -, e, pena, pois estamos na prorrogação, com morte súbita. Aí, bye bye. Nem sempre haverá outra chance. Nossos melhores zagueiros – Deus e os médicos – estarão sempre atentos, mas não nos combaterão, e nós podemos, num descuido, jogar contra o patrimônio. Meu Deus! este é o pior adversário para se enfrentar. A peleja é eterna, cheia de prorrogações. Será que a batalha nunca será encerrada? Cadê o árbitro dessa coisa?

As regras têm que ser mudadas; estamos sendo injustiçados. E o pior é que nem podemos retirar o time de campo, pois seria a derrota fatal. E eu, particularmente, nunca me entrego. “Nem a pau”. Chamam-me teimoso não é sem motivo. Não deveria ter entrado em campo, mas já que o fiz, não me entrego, lutarei até o apito final. E bem. Lançarei mão dos truques mais sujos – faz parte do jogo – sem remorso. Tudo pela vitória. “Nada de correr da raia / Nada de morrer na praia...”

Vou entrar de sola, na canela, da orelha pra baixo! Quando do seu ataque, vai me encontrar fechado, numa retranca total, o famoso ferrolho. Usarei todos os reservas, o melhor técnico disponível e confiarei no árbitro. Afinal sei que Ele é a própria justiça. Não vai me castigar, pois sabe que minhas armas estão à mostra e me é lícito defender-me. Verá que não pretendo enrolar no meio-de-campo, retardar o jogo, catimbar, enfim, estou pronto para a batalha.

Será a minha forma de combater a covardia: com força, luta, alto astral e confiança na minha capacidade. Nunca nada me foi dado, sempre lutei pelo que quero. E consegui. Pois bem, continuarei assim. Mas não desprezo nunca o auxílio da torcida, que é enorme. Fá-la-ei vibrar ainda mais com minha superação. Quem viver verá e, se duvidar, que dó! Terá uma enorme frustração. E só o fará porque não me conhece. Sei que sou capaz, nunca fui derrotado, graças a Ele. Sofri reveses, mas o jogo sempre acabou com placar favorável a mim. E este ainda não acabou.

“Com força e com vontade / a felicidade / há de se espalhar / com toda intensidade...” Os(as) oportunistas que mudem de nome, pois não terão mais chances. Ou de estratégia. Mas, ainda assim, estarei atento, pois sei que o jogo “só termina quando acaba.” E “saiba que ainda estão rolando os dados...” Pena que, para você, Cazuza, o jogo já tenha acabado!

04/07/05

Pabinha
Enviado por Pabinha em 27/08/2006
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