ESCURIDÃO

Vejo apenas a completa escuridão!

Por momentos, borrões vermelhos fora de foco , dançam e desaparecem.

Estou deitado, mas não sei onde! Nem lembro quem sou!

Tento mover-me mas não acontece nada.

Só vejo o que nos é permitido com os olhos fechados.

Tento abri–los, o negro fica vermelho e logo escurece novamente.

Em breves lampejos vejo rostos desconhecidos em postais fotográficos alguns assustadores.

Ouço vozes ao longe, muito longe, mas elas soam como em um gravador fora de rotação.

Não entendo o que dizem.

Às vezes vislumbro sombras desfocadas que parecem rostos próximos a mim.

Breves flashes avermelhados.

Não sinto dor, mas sinto uma pressão muito forte sobre o peito.

Minha respiração é difícil.

Meus ouvidos parecem estar cheios de besouros disputando espaço.

Tento gritar, meus lábios não se movem.

A escuridão fica mais intensa, mais ameaçadora!

Vejo luzes bailando como num osciloscópio trêmulo.

Um minúsculo borrão arredondado, um pouco mais claro, parece a lua!

Devo estar deitado na rua, no asfalto?

Não lembro de nada, não sei como vim parar aqui e por que!

Ouço mil demônios vociferando jorros de insanidade.

Sinto meu coração pulsando como um bate-estacas descompassado.

Mas uma única pergunta teima em ocupar minha mente como se fosse dona da minha vontade!

Será que terei tempo, para abandonar as drogas?

Lauro Winck
Enviado por Lauro Winck em 03/05/2010
Código do texto: T2235253
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