crónica radiofónica

CRÓNICA RADIOFÓNICA

Acabei de pegar no micro e não escrevo, falo. Falo; quando me ler, verei o que escrevi. Quer isto dizer que... falo do que irei escrever ou falo no que escrevo... será as duas coisas. Mas, sobretudo na última, estarei a pensar tudo o que poderia estar a fazer na primeira (falar apenas...) e, com isto tudo, escrever é um acto de pensamento. Um acto físico que se aproxima imenso de correr. Correr, porque há aqui pouco tempo para pensar, temos de nos preocupar com o equilíbrio, com o ritmo, com a respiração. Escusado será dizer que ninguém irá ler a gravação (essa teria de ser ouvida, havida...) e por isso, esta gravação... permite-me pensar: é ou não é (ser ou não ser?)?, e se não é, é. Porque aquilo que pensamos também é aquilo que fazemos, ou é apenas aquilo que fazemos quando não fazemos nada que não seja pensar. Mas, se o pensamento é a corrida que me ocorreu dizer que a escrita pode ser, então pensar escrever não é o mesmo que escrever a pensar e aqui não há contradição se estivermos a olhar para as palavras e a pensar bem nelas. Mas, nova_mente, as palavras ficam para trás... Correndo, respiramos breve_mente... e foi a minha crónica radiofónica, ou não?

{Será que pensei escrever ou escrevi o que pensei depois de ter dito o que pensei fazer?

Há quem se entretenha com trava-línguas ou muitas outras coisas, eu gosto de destravar as ideias:)

Está escrito, sem pensar..., antes de ir deitar! Disse.}

Francisco Coimbra
Enviado por Francisco Coimbra em 17/08/2006
Código do texto: T218992