Pós 11 de setembro de 2001

Desde que moro na capital nunca havia ido ao estádio Governador Magalhães Pinto, nosso conhecido Mineirão. Mas aconteceu que outro dia eu ganhei duas entradas e resolvi ir e levar alguém comigo. Não encontrando alguém que se interessasse me acompanhar fui sozinho levando comigo as duas entradas. Talvez na porta do estádio encontrasse alguém interessado em entrar e que não tivesse conseguido adquirir um bilhete.

No ônibus conheci uma garota muito interessante que lamentava não ter conseguido comprar um bilhete para ir ao Mineirão naquele dia. Ofereci o que eu tinha sobrando e ela aceitou. Fomos juntos. Só quando chegamos é que eu me dei conta de que não sabia que jogo iria acontecer. Achei estranho por que não vi uma alma viva com camisa do Galo ou do Cruzeiro ou de qualquer outro clube. O que tinha mesmo era um montão de gente barbuda e de panos na cabeça. Todos de bandeiras nas mãos e gritavam palavras estranhas que não consegui entender. Não entendia nada mas também não comentei coisa alguma com a garota que me acompanhava.

Quando entramos no estádio foi maior a minha surpresa. Estava lotado. De um lado estavam pessoas iguais as que vi do lado de fora. Interessante é que não havia nenhuma mulher no meio deles. Eles gritavam e chamavam um tal de Ala enquanto balançavam uma enorme bandeira do Afeganistão. Todos eles tinham um saquinho na mão com certo “pozinho” branco.

Do outro lado estavam os opostos. Uma multidão de gente vestida com camisetas listradas de vermelho e branco e estrelinhas num canto. Bebiam Coca-Cola, comiam Big-mec e gritavam: _God hail America!

Ainda meio confuso interroguei a garota que me acompanhava.

_ Você sabe o que está acontecendo? Ainda não entendi direito.

_ A ONU achou que fosse melhor resolver as diferenças entre Bin Laden e Bush organizando uma luta livre entre os dois. O seria menos sangrento e mais rentável. Todo dinheiro arrecadado se revertera para matar a fome de muitos famintos no mundo.

_ Mas os dois países concordaram assim... numa boa?

_ Até que no que se refere a luta, sim. Mas tiveram certo problema na hora de resolver como remeteriam o dinheiro aos famintos. Os americanos concordariam só se os famintos fossem saciados com uma caixinha de Big-Mec Feliz. No que os talibãs foram contra. Eles queriam é que o dinheiro fosse revertido em pequenas propriedades de terras petrolíferas dando um palmo quadrado de terra para cada faminto. Eles alegavam que era suficiente para uma mangueira entrar e sugar o óleo. Com medo de que a rincha aumentasse mais a ONU interveio e ficou encarregada desta questão.

- Mas me explica uma coisa. Qual será o prêmio do ganhador?

- Não há prêmio.

- Mas como não?!

- Essa luta é uma forma amena e menos sangrenta para eles tirarem essa diferença.

Entendendo melhor as coisas, me acomodei no meu lugar pois o início da luta era anunciado. Se eu não me engano o narrador de língua portuguesa era o Cid Moreira e o Juiz era o Rock (conhecido auxiliar do Sílvio Santos).

Quando anunciaram a entrada de Bin Laden a torcida americana tentava abafar com vaias os vivas e aplausos dos afegãos. Bin Laden entrou com um roupão camuflado, igual as roupas do exército. Logo que subiu no tablado de oito metros quadrados, que se encontrava no meio do gramado, tirou o roupão e exibiu o seu físico de mouro. Pernas tortas e magras, trajando apenas uma tanguinha preta e uma boina já conhecida. Enquanto se aquecia foi anunciada a entrada de George W. Bush. Subiu no tablado de roupão C&A e quando o tirou a galera americana nas arquibancadas era só assobios e palmas. Balançava a mão exibindo seu físico branquelo cheio de estrias, trajando uma tanguinha com a bandeira americana estampada.

Enquanto se aquecia, deu-se o sinal para o início. Primeiramente Rock, o Juiz, chamou os dois para ditar as regras.

- O negócio é o seguinte: só não vale dar beijinhos o resto é permitido.

Din, din!!! Começou a luta. Os dois rodeavam o ringue olhando um para o outro e mostrando os dentes. Bush esticou o indicador apontando para o chão e gritou:

- Olha, petróleo, petróleo!

Quando Bin Laden olhou, Bush voou à sua barba e o conflito começou a esquentar. Enquanto Bush estava no chão Bin Laden fazia-lhe cossegas no pé. Bush revidou com um beliscão na bunda de Bin Laden. Este soltou um grito e um peido na cara de Bush que caiu para “antraz” desnorteado.

Quando Bush se recuperou voltou a atacar Bin Laden que jogou-lhe algo “antraz”. Sentindo o “antraz”, Bush ergueu a mão, fez um beicinho e disse: _Isso não vale, tá !? Vou te retalhar.(É claro que ele falou em idioma inglês, mas tinha tradutor.)

Daí então só se via poeira no ringue. Pois o Bin Laden levara o “antraz” e Bush o “des-antraz”. Quando a poeira baixou todos “ rolaram de rir” nas arquibancadas. Pois no fim da luta Bin Laden estava com a tanga de Bush enfiada na cabeça e Bush tentava tampar o hot-dog com a barba de Bin Laden. No fim das contas tudo terminou bem. Cada um voltou para seu país convencido de que ganhara a luta. E os famintos tiveram comida por um ano. Agora uma coisa me intriga: tá certo que foi uma boa saída para o problema, mas por que aqui? E ainda no Mineirão!!!!!

Gleisson Melo
Enviado por Gleisson Melo em 10/04/2010
Reeditado em 10/09/2011
Código do texto: T2188755
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