COISAS DA NATUREZA

COISAS DA NATUREZA

A natureza por vezes nos surpreende. Ela nos dá o exemplo de que os próprios animais irracionais são, às vezes, mais racionais em seu instinto que os seres humanos com a sua brilhante inteligência. Todos sabemos (e tem até um dito popular nesse sentido) que gatos e cachorros, assim como outros animais, não comungam com os mesmos costumes e as mesmas “idéias”. Basta aparecer um gato nas redondezas e os cães enlouquecem. Uns por simples divertimento, outros por não gostarem mesmo de gatos, correm atrás desse manhoso felino até que lhe percam a pista ou que, por segurança, este trepe numa árvore. Isso acontece quando se trata dos gatos da vizinhança.

Tenho uma cadelinha cofap (lingüiça) chamada “Leia”. Ela já tem certa idade mas ainda é lépida e gosta de brincar. Tem vezes que fica de barulho a noite inteira porque os gatos dos vizinhos entram no meu terreno e ela não gosta de ser perturbada em seus domínios. Enquanto não puder apanhá-lo ou toca-lo para além das grades, corre em suas pegadas latindo ferozmente, por vezes levando uma unhada do bichano, mas não desiste.

Acontece que meu genro construiu a casa para sua família confinada entre os mesmos muros do terreno. Há poucos dias um amigo da família trouxe para meu neto de seis anos um gatinho (macho), uma mistura de ciamez com angorá, que está crescendo rapidamente. Quando ele veio para nosso convívio era de poucos dias de vida.

A Leia havia sofrido uma cesariana há pouco menos de um ano e lhe morreram todos os cachorrinhos. Creio que foi o instinto materno, ao que tudo indica, que fez com que ela adotasse o gatinho como seu filhote. Passou a brincar com ele, carregá-lo de um lado para outro e se tornaram amigos inseparáveis. Dormem juntos na mesma caixa no porão e vivem às turras o dia inteiro,. Rolam pela grama, mordendo-se, ou correm um atrás do outro. A cadela até dá de mamar a este filho adotado, que não é de sua raça, muito menos da sua família.

Eu fico pensando, vendo a afinidade que pode existir entre um gato e um cachorro, movidos só pelo instinto, por que o mesmo não pode acontecer com as pessoas, que são sociáveis e se dizem inteligentes? Há tantos “gatinhos” e “gatinhas” soltos pelas ruas, desamparados, esmolambados, muitos deles cobertos de chagas ou outras doenças e... famintas.

Por que os seres humanos não podem condoer-se pelos “gatinhos” humanos? Terminar com essa miséria absoluta?

A “Leia” e seu gatinho felino estão dando bonito exemplo! É só seguir-lhe os passos.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 27/02/2010
Código do texto: T2110061
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