NEM MA S NEM MENOS

São minúsculas, são pequeninas as coisas que me separam de mim mesmo. São os mínimos, são os pequenos detalhes, retalhos que, costurados, formam a colcha da minha existência.

É esta falta de compreensão do mundo que me deixa louco. Minha falta de modéstia me enlouquece. Quero conquistar o mundo e não consigo parar de pensar nisto, nem enquanto durmo, sonho com isto.

Então, estou, fico, permaneço, perdido no espaço, entre o micro e o macro cosmo, entre o átomo e as galáxias, nem sei ao certo o meu endereço.

Solto, em bolhas de sabão, viajo entre os três tempos e adjacências, outras dimensões, primeira parte deste meu delírio que me comove, mas não convence, a arte de enganar a mim mesmo não funciona mais, nem menos.

Caio na cama que não tenho e durmo para sempre, sonhando com o outro lado da vida, cinematograficamente, mente artificial.

Segunda parte. São estes indescritíveis, estes inimagináveis momentos que me transportam, carga explosiva, me transformam em um símbolo, marca registrada, mágica, truques para me distrair, enquanto eles, os momentos, desaparecem, se dissolvem, vão embora, mudam de forma, transfiguram, dependendo da temperatura, ebulição, efervescência, frequência e batimento cardíaco. Sentimento, emoção, fração de segundos, mudaram os pensamentos, eu, continuo aqui, preso a mim mesmo, mesmo, são as repetições da mesma estória, as frases copiadas, tudo isto não passa de uma longa estória sempre repetida, sem fim nem começo, sem nem mais nem menos.

As batidas do coração, contadas, uma a uma, formam uma melodia triste, na qual penso que ou ele acelera muito ou então irá parar de repente, entrar em colapso, enquanto isso, penso, posso tomar um comprimido, doutor?

Sei que o (no) final será igual para todos, o choro, a lembrança, talvez alguém diga palavras bonitas, um elogio, mas não escutarei, onde estarei não preciso, o fim é sempre o começo de algo novo, estou velho, a eternidade não tem idade, não tem endereço, nem eu.

O que eu quero dizer é que esta não é apenas uma melodia triste ou uma sinfonia inacabada, é o terreno fértil para o nascimento de novos frutos, lançar sementes, irrigar a terra, brotar formas e fontes, independente do meu estado, da minha geografia, minha estória, minha falsa modéstia, ilusão, meus sonhos, tudo o que eu fiz, por por razões ilógicas, o coração, este órgão maluco que ora bate acelerado, ora devagar, maluco demais, descompassa o cérebro, altera os pensamentos, e lança para fora toda a lógica, sem razão, nada a ver com o final da estória, apenas encenação.

Ele, fala assim: não tenho endereço fixo, nem móvel. Quem quiser me encontrar, terá que escalar o céu, arrepender-se de não ter ido lá antes e principalmente, a mente, não mentir (nem) mais , nem menos.

florencio mendonça
Enviado por florencio mendonça em 20/01/2010
Reeditado em 14/05/2015
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