A Noite Não Passa

As madrugadas estão frias. Na solitária Cristopher fica relembrando as emoções de quando ouvia o tinir do telefone. Era ela. Lívia.
Passavam horas e horas penduradas ao celular. Ela lhe contava suas alegrias, suas tristezas... Podiam reviver horas de intenso amor!... Quando a bateria do celular descarregava, imaginava a imagem da tristeza de Lívia do outro lado da linha. Pensava em quanto encarecia cada ligação. Exorbitantes! Mas valia a pena. Ele ficava orgulhoso, pois tinha algo dela consigo: - a voz! Os dias para eles tinham mais cores. Ficavam arquitetando sempre um novo plano de encontro; novas aventuras, novos riscos. Viviam perigosamente, pois cada um tinha que cuidar da sua família. Entretanto naquele sonho eram cúmplices. Era um lindo caso de amor. Proibido.

Nesta vida de navegantes, nem sempre tudo é maravilhoso. Um dia as circunstâncias mudam. As pedras aparecem, nem sei de onde aos caminhos. Hoje, Cristopher espera a noite passar... Muitas vezes consulta o celular. Lívia não liga. São horas e horas perdidas de sono! Meio perdido ele liga e desliga o televisor. Nada engraçado. Os raios do Sol surgem ao horizonte e junto com eles mais expectativas. Nova espera.

Ribeirão Preto, 27 de julho de 2004
18h05 min.