COMEÇANDO O ANO EM BOA-FÉ
O início
Boa Fé! Que linda frase para começarmos o ano novo. Ela me faz lembrar os tempos da Faculdade de Direito. Nas relações contratuais, as partes são obrigadas à observância do princípio da boa-fé objetiva. E foi mais ou menos o que aconteceu conosco. Com o objetivo de aproveitar o recesso de ano novo, decidimos nos reunir em família na Pousada Boa Fé, localizada a aproximadamente 80 km de Primavera do Leste, via BR-070, sentido Cuiabá/Barra do Garças. As primeiras informações do lugar estavam veiculadas na internet em http://www.pousadasbr.com.br/viewad.asp?id=523167579849108788> e diziam assim:
A POUSADA BOA FÉ, está localizada á apenas 79 km de Primavera do Leste no estado do Mato Grosso.
Se você deseja conhecer um lugar maravilhoso, o seu lugar é aqui. Com um clima agradável e em meio a natureza, a Pousada Boa Fé inclui conforto e sofisticação em um único lugar. Venha conhecer essa maravilha da nossa região!
A Pousada Boa Fé dispõe de 20 apartamentos, todos eles equipados com ar condicionado, TV e Frigobar. Na hospedagem está incluída toda a nossa alimentação, jantar, café da manhã e almoço. O horário da diária é a partir das 15:30 até as 15 horas do dia seguinte.
BR 070 km 202, s/n - Zona Rural
General Carneiro - Mato Grosso - Brasil
Fones: 55 (66) 3498-1383 / 3498-1397
Fax: 55 (66) 3463-1173
Acreditamos, principalmente porque outras pessoas que já haviam ido até lá, nos garantiram que era um bom lugar para se descansar. Assim, imbuídos de boa-fé, contratamos um pacote para a área de camping e lá fomos nós.
Uns foram de carro próprio, outros foram de moto... A maioria preferiu mesmo foi a comodidade do confortável ônibus de irmão Argemiro Resplandes de Sousa. Além de ficarmos mais a vontade, ainda tínhamos direito a cochilo livre e um bom bate-papo. Para se descansar do corre-corre estressante do dia-a-dia, nada melhor do que jogar conversa fora.
O ônibus encheu. Onde não havia gente, havia mala. Quanta mala! Parecia que nós íamos para o Piauí. Roupas, redes, barracas, comida pronta, comida por fazer, fogareiro, tabuleiros de xadrez... De tudo um pouco. Afinal, não podíamos ter falta de nada...
O meio
Chegamos às três da tarde em Boa-Fé. O tempo havia mudado. O sol se encobriu de nuvens e veio uma chuva fina, mas quase constante. Começávamos a armar as barracas quando a chuva parava, mas logo ela voltava. Desisti de esperar e continuei debaixo da chuva. Fiquei quase uma hora lutando com minha barraca. Que coisa difícil de armar, rapaz! O Altamiro e o Douglas ficaram ao meu lado, mas só até passar a primeira chuva. A barraca deles não era impermeável e molhou tudo. Então eles e muitos mais se mudaram para a varanda da nossa área de camping. No fim das mudanças, ficamos sozinhos lá num canto. Todos correram da chuva.
Aí começou a comilança. Para começar o ano, tem que haver boa comida. E isso não faltou. Como comia esse meu povo. Carne de porco, carne de frango, carne de gado... Foi um carnaval. Carne cosida com arroz, carne assada. A pururuca do porco estava uma delícia. Tia Regina está de parabéns pelos genros. Que rapazes trabalhadores e esforçados. Eles não pararam. Ficaram o tempo todo assando, assando... E comendo também, porque ninguém é bobo ou coisa que o valha. E corrigindo para que o lixo fosse posto no lixo. O César da Joelma me fez essa observação.
Então começou o desfrute da água... Água era o que não faltava. Disseram-me que o Lago da Boa Fé tem 47 hectares. Não sei se é verdade, mas que ele grande, isso é. Enivaldo e seu Zé da Divina me chamaram para explorá-lo de caiaque. Os remos dos caiaques haviam sumido. Só havia um que estava comigo. Então atravessaram o lago até um buritizal e fizeram dois remos com talos de folha de buriti. Disseram que ficaram ótimos os remos. E então começamos a exploração.
Na primeira etapa fomos para o norte. Já próximo do fim, eles ouviram um barulhão dentro das águas. Eu estava um pouco atrás e quando cheguei perto eles me disseram que ou era jacaré ou era sucuri... Depois cogitaram que pudesse ser capivara. Ficou a dúvida sobre o que era, porque nada mais se viu. Fomos até o começo do lago. Ali corria as águas friíssimas de um pequeno regato. A impressão que se tem é que o lago é formado pelas águas de diversas grotas que nascem naquela região.
Então voltamos mais lentamente para não cansar. Ao chegar em frente o Acampamento, eles decidiram descer até os limites sul do lago, onde havia uma Usina Hidrelétrica responsável pelo fornecimento de energia elétrica para a Pousada. Para uma parte, porque ali também é produzia a energia solar, a qual, entre outras finalidades, aquece uma piscina climatizada coberta.
Rapaz, eu decidi ficar na zona central do lago, mais próximo do nosso Acampamento. Fiquei boiando sobre o caiaque para descansar. Depois de algum tempo decidi ir atrás deles. Não foi uma boa coisa. Alcancei-os na metade do percurso, já voltando e resolvi voltar. Mas o vento estava soprando em sentido contrário e eu, já cansado, via a hora de rodar... Remava, remava e cansava. Parava de remar e rodava. Pensei que não ia conseguir. E Enivaldo e Seu Zé foram embora e eu fiquei lá no meio do lago, lutando para voltar ao Acampamento. Então fiz um esforço sobre humano e remei firme. O caiaque deslizou pelas águas. Eu sentia dores nos braços e nas pernas, mas não me importava. Continuei remando até chegar à parte mais rasa. Então costeei o lago até chegar ao Acampamento. Foi uma luta, mas senti que valeu a pena.
À noite, a varanda coberta do Acampamento virou um cassino. Baralho, Xadrez, Damas... Ninguém ficou parado. Mariza pegou o violão, tocou e cantou... E do carro César da Joelma vinha uma música sertaneja raiz. Belas melodias!
E assim foram os dois dias que passamos ali. Comemos, brincamos, cantamos, jogamos, nadamos e fizemos tudo o mais que tínhamos direito. Foi um belo passeio.
O fim
No dia três, após um almoço rápido, como disse o Douglas Resplandes, nós voltamos para a civilização. Foi um delicioso final de semana. Chegamos cansados de tanto pedalar, remar, nadar, conversar, comer, brincar, andar e bla-bla-blá...
O próximo passeio da família já está marcado para março e deverá ser nas Novas Águas Quentes de Poxoréu, MT. Segundo a prima Rosemeire Sousa Silva, o lugar é muito bom! Mas isso já é assunto para outra história. Que viver, verá e lerá. Até lá!