UM NOVO OLHAR

Como fica diferente a cidade onde tanto se viveu, com os olhos de outra vida.

Mistura de saudade e alegria.

Os olhos acostumados ao progresso têm saudade das ruas de terra batida, mas se maravilham ao ver que elas já quase não existem.

Os casarões no centro da cidade substituídos por modernas construções.

Debaixo dos cabelos brancos muitos ainda reconhecem o sorriso da professora que passeia lentamente pelas calçadas, revendo pessoas, costumes, sentimentos...

Notícia de amigos que se foram. O nome do vizinho querido está agora numa bela praça. A boa amiga também se foi... E a colega de trabalho e outro e outro. A estátua de bronze na praça tem feições conhecidas. Aproxima-se, lê a placa. É mesmo o médico que a assistiu em tantas horas complicadas.

Mas a visita não é um retorno, como alguns pensam. É uma despedida. A angústia de tantos anos sublimada em lembranças, agora se manifesta como saudade. A saudade do presente: esta podia ser a sua vida, aqueles podiam ser os seus filhos. Será? Se tivesse ficado ali, como saber o que seria? Não dá pra mudar. Já está feito e parece bem feito a todos que a cumprimentam com carinho e admiração.