O Tio da Sukita

Lembro perfeitamente quando nos anos 90 assistíamos pela tv uma propaganda do refrigente Sukita onde um senhor de meia idade ridiculamente tentava conquistar uma mocinha oferecendo a Sukita, ela o desmoralizava chamando-o de tio!

Nunca gostei muito desse adjetivo, ser chamado de “tio” (a não ser pelos meus sobrinhos de verdade) me deixava irritado a princípio. Mas o tempo branqueou parte dos meus cabelos, vincou meu rosto e arredondou minha cintura, “tio” já não me chateia. Recentemente fiquei “p da vida” quando acidentalmente fechei uma garota no trânsito, e tive que ouvir; “velho filho da puta”. O “filho da puta” quase não doeu.

Fui prestando a atenção nos “carinhosos” adjetivos que esses garotos (que logo serão velhos) costumam inventar. São adjetivos diminutivos que acabam virando superlativos. O que é preferível? Ser chamado de tio ou tiozinho? De vô ou de vovozinho? De fraco ou fraquinho? De velho ou de velhinho? Esses diminutivos não são nada carinhosos, muito pelo contrário.

E existem adjetivos piores, são os pejorativos; O que é pior? Ser chamada de puta ou putinha? Ladrão ou ladrãozinho? Corrupto ou corruptozinho?

São as armadilhas dessa nossa língua viva que às vezes, como dizia o poeta Vinicius, abusam da regra três onde menos vale mais.

Laerte Russini
Enviado por Laerte Russini em 27/12/2009
Reeditado em 12/06/2011
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