A Mãe Gentil.

Quarta feira, 9 de dezembro.

Brasil.

Todo mundo tem mãe. Ou deveria ter. Mesmo aqueles que por capricho dos deuses perderam suas mães biológicas (como no meu caso),sabem que têm uma mãe única, comum e generosa: A mãe gentil,a pátria amada e idolatrada.

Os filhos deste solo, como somos chamados a princípio, bem intencionados cidadãos, trabalhadores, estudantes,e desprovidos quase de tudo. Sem muita razão, contribuímos com algumas gotas de suor do nosso rosto mestiço, transformadas que são em moedas coloridas e notas à prova de balas, ou seja: Impostos pagos à bolsa da nossa velha senhora. Estes filhos amados, simples e sonhadores estão envolvidos pelo SISTEMA, e respondem sempre aos apelos pré concebidos de outros irmãos que para lograrem honestamente lucros astronômicos, concluíram que melhor seria dar-lhe o nome de MÍDIA e conceder-lhes a honra de titular em formadores de opinião. Agora, vocês acham que as grandes redes de Comunicação têm interesse em formatar uma Consciência Nacional? Como se sairão para saciar a sede de consumo, simularem a realização de sonhos e fantasias retratados nas novelas e “big brothes” da vida e com efeito venderem pasta de dentes, shampoos, cervejas, músicas sertanejas, carros e panetones? Elas, com suas técnicas bem elaboradas da propaganda utilizam de instrumentos, que nada são, mais que instrumentos de tortura psicológicos: Rádio, revistas, jornais, Web, e principalmente a televisão. Para o uso eficaz e irrestrito, são apoiados por Lei – A da Imprensa, que tudo pode, intocáveis e muitas vezes, isentas de responsabilidades. É quando ficamos questionando a respeito de Dona Ética, esse monstro que saltou das páginas da mitologia grega, sobrevive até hoje entre as Nações civilizadas, e que incomoda pra caramba. Mas, tudo bem. Quero aqui esclarecer que isento desta crítica, os funcionários dessas redes como os repórteres, jornalistas e apresentadores pois somente executam seu trabalho fazendo o que lhes mandam. Mas, seria ótimo se esses instrumentos estivessem a serviço da população, com âncoras descomprometidas com Patrões, reportando a verdade nua e doída. A meu ver, trata-se de jogos do poder com espetáculos teatrais e virtuais onde os atores e o respeitável público se beijam na boca. É uma lavagem cerebral contundente no inconsciente coletivo. Por isso, é que quando os filhos da gentil Senhora, se unem de norte ao sul, do Atlântico aos Andes, vestidos à caráter com suas camisetas verde e amarelas, como num processo mágico, vive-se um momento de suprema euforia e os desmandos e as roubalheiras públicas, são jogados para escanteio.

Ainda é impressionante, como uma mobilização nacional repetida a cada quatro anos, torna-se um fenômeno social não emergente – é pura rotina! Lenine dizia que a religião era o ópio do povo. Ainda é. Mas, o futebol é mais que um ópio, pois é a indústria da paixão. Então o que vemos? Começamos por comemorar hoje o dia Internacional de combate a corrupção. Bingo!

Alguns filhos, maus filhos simplesmente na calada do dia

alcançam a bolsa da velha senhora, surrupiando-lhe os proventos, que tanto poderiam se somados, minimizar o sofrido “day by day”dos irmãos menos favorecidos. Ou seja, o remédio que mitiga as dores ,o transporte para todos, a boa escola para as crianças e adolescentes, o alimento que mata a fome desgraçada, a moradia decente para os mais pobres e a Cultura e o lazer de qualidade e etc. Entre tantas carências sobram as promessas de campanhas eleitoreiras. As promessas voam para o céu, que é bem o lugar delas, porque só promovem os santos, anjos e outras Criaturas surreais. A nós, figuras de esqueletos e obesidades, ficamos na bandeja da esperança com a cabeça decepada. Tudo porque, maus irmãos inescrupulosos, e travestidos de carneiros brancos com mãos

lavadas e enxaguadas, voltam a nos pedir pelo amor de Deus: Votem em nós! E o povão vota...

No Universo da política, tudo se esquece, tudo se renova, mas nada se perde, nem mesmo a falta de vergonha e de respeito pelos cidadãos.

Se vivo fosse, o Marques de Sade, coraria e até vomitaria nos próprios escrotos visto os eventos ora ocorrendo e que se repetiram a ponto de caírem na vala comum dos escândalos e safadezas

ocultas. Virou uma praga da vassoura nos cacaueiros, todos os anos e todos os mandatos: A eterna corrupção nos meios políticos. A solução é única e radical: A erradicação do mal. Eis que o Mestre falou: 'Que se conhece uma árvore pelos seus frutos, e que uma árvore ruim, não pode

produzir, e se produzir, seus frutos serão doentes. A árvore que nada produz, ou que dá frutos podres, deverá ser cortada e lançada no fogo”.

Além de Senador inocente que não desgruda da cadeira, governador que manda a policia com cavalos para acabar manifestação, no limiar do século vinte e um (êle tem saudades da ditadura...) ainda tem a novidade do festival do vestuário. São cuecas, meias, lenços, calcinhas, sutians e outros apetrechos desconhecidos do vestir íntimo, de repente utilizados como imprescindíveis no transporte valores numerários. As malas, mesmo as das poderosas organizações religiosas sob suspeitas de lavagem de dinheiro em nome de Jesus, caíram em desuso definitivamente. E a pizza, essa iguaria da culinária Italiana , tão apreciada pelos filhos deste solo, também não conseguiu mais um consumo em progressão geométrica. (Deve ser por causa do preço da muzarela). Agora, é época de Natal, a vez do panetone, também uma “grazzia invencione d'ella bel la Itália”. Mio Dio!

Impressionante vai ser como os larápios da noite brasiliense, atônitos, terão dificuldades de anunciar um assalto.

Imaginem a cena: Um cidadão, tarde da noite, desce do metrô na praça do Relógio, abordado pelo marginal não ouve o tradicional : Passa a carteira! A bolsa Dona! Isto é assalto! Agora terão de dizer: Aí, tira a cueca! As meias também! Constrangimento, tanto para o ladrão, quanto para o assaltado. Tão de brincadeira!

Enfim, ano que vem, a fórmula que sempre deu certo: Futebol+Eleição=tudo bem. Rezem mesmo os homens maus dessa galáxia do Planalto para que o Brasil seja campeão na África. Caso contrário, não sei não... Aí, a mãe gentil de jaqueta verde e amarela, feliz da vida, irá perdoar a todos. Afinal, coração de mãe sempre cabe mais alguns, mesmo os maus filhos deste solo.

Eu, sou isento. Não posso falar e nem deveria escrever estas coisas. Porque? Já faz muito tempo que não voto para o poder Legislativo. Com o meu voto, mesmo sob protestos de alguns filósofos políticos de boteco, esses irmãos cuja gatunagem está bem aí nas telas e nas folhas dos jornais, jamais sentariam seus bumbuns nos assentos destinados aos verdadeiros representantes do “people”. Os fatos, não deixam dúvidas a não ser para os cegos e dementes, mesmo que os senhores advogados jurem que seus clientes sejam inocentes.

Estou pensando em abrir um negócio, onde venderei um único produto. Acho que vou me dar bem. Começaria pela bela e querida Brasília, naquela rampinha do espelho d água do Congresso Nacional. Depois, numa cruzada pelo pais, posto sempre em frente as Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores. O meu pregão seria assim: Olha o óleo de peroba! Leve dois e pague um na promoção! Parlamentar bonita não paga, mas leva! Tadinha delas, porque a Justiça do povão mesmo inocente, incoerente, desprovida de Ciência e longe das Academias do Direito,esse povão alvo fácil dos formadores de opinião, estão anunciando seu veredicto: CULPADOS!

“Vox Populi in Vox Dei”. É a voz de Deus.

Essas ervas daninhas, logo logo serão mesmo (como disse Jesus) arrancadas e lançadas no fogo da História.

Falei...

Álvaro Francisco Frazão.